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Instrumentos de avaliação psicológica na prática profissional

18/03/2012

Por Gisele Alves 

A nosso convite, o Prof. Josemberg Moura de Andrade respondeu às questões da seção de Dúvidas Frequentes dessa atualização. O Prof. Josemberg é psicólogo formado pela Universidade Federal da Paraíba, mestre e doutor em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações (PSTO) na área de Avaliação e Medida pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente é professor adjunto I do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba.

Como posso saber quais instrumentos de avaliação psicológica posso usar na minha prática profissional?

Sabe-se que, também por força de lei, o Conselho Federal de Psicologia dita regulamentos para a elaboração de testes psicológicos, bem como o uso que se faz deles e de outras técnicas e métodos de avaliação psicológica. De acordo com o código de ética profissional dos psicólogos e a resolução CFP nº 002/2003, a utilização de testes psicológicos no exercício profissional do psicólogo deve ser realizada apenas quando o referido teste possuir avaliação final favorável emitida pelo CFP, sendo considerada falta ética se for utilizado um instrumento que não estiver em condições de uso.

A avaliação final dos instrumentos, bem como o trâmite de análise dos mesmos, é divulgada em lista disponível no site do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) que pode ser consultada pela internet. Esta lista sofre alterações mensais e por isso, recomenda-se a consulta regular a essa fonte. O SATEPSI também disponibiliza em seu site algumas informações mais específicas sobre esses instrumentos, como, por exemplo, as características que eles avaliam.

No entanto, o papel dos Conselhos e do SATEPSI, além de regulamentar o uso e comercialização dos testes (o que inclui a emissão de parecer favorável ou desfavorável) é o de analisar e verificar se o teste atende a requisitos mínimos quanto à qualidade técnico-científica dos testes. Isso não envolve a indicação de quais testes podem ser utilizados em quais contextos de avaliação e população a ser avaliada, sendo esta escolha de responsabilidade do psicólogo.

A recomendação do Conselho Federal de Psicologia é de que caso o psicólogo necessite esclarecer questões técnicas quanto aos diferentes instrumentos, que o mesmo realize consultas em artigos científicos nacionais e internacionais, universidades ou ao Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica, por meio do endereço www.ibapnet.org.br.

Uma vez que não é possível receber do CFP e SATEPSI indicações a respeito de quais testes são “indicados”, quais critérios você recomenda que os psicólogos utilizem na escolha do teste mais adequado ao contexto de avaliação e à população a ser avaliada?

É cediço que o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio do SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos), regulamenta o uso, a elaboração e os parâmetros que um instrumento psicológico deve ter para ser considerado válido e fidedigno. Mais do que fiscalizar, o CFP sinaliza quais requisitos mínimos um instrumento deve ter para poder ser utilizado, oferecendo aos psicólogos informações úteis para a prática da avaliação psicológica. O conhecimento em Psicometria continua sendo necessário, uma vez que o psicólogo, além de compreender os índices psicométricos do instrumento, também precisa ter competência para interpretar os resultados da avaliação. Não é inoportuno lembrar da necessidade de sempre consultar a lista dos instrumentos recomendados no momento de se estruturar uma avaliação psicológica. A partir da situação-problema e do contexto de avaliação, o psicólogo deverá escolher a bateria de testes que será utilizada, considerando que as técnicas qualitativas e quantitativas não são excludentes, e sim, complementares. A partir da Resolução CFP n. 002/2003 é requerido que os manuais dos instrumentos possuam informações sobre o construto avaliado. Especificamente, devem ser apresentados e discutidos aspectos técnico-científicos, bem como aspectos práticos. Esses últimos devem oferecer informações suficientes sobre a aplicação, correção e interpretação dos resultados do teste. Assim, quais critérios devem ser considerados para a escolha de um teste psicológico? No momento de se escolher quais instrumentos psicológicos utilizar, o profissional deve consultar, primordialmente, os manuais dos testes a fim de identificar o(s) construto(s) avaliado(s) por tal instrumento. Os manuais dos testes devem ser considerados fontes primárias de informação. Também, não se deve deixar de considerar o público alvo para o qual o teste foi elaborado e/ou validado, bem como as tabelas de padronização/normatização. Em relação ao primeiro aspecto, alguns autores consideram que é a interpretação dos resultados do teste que deve ser válida, e não o teste em si. Em relação ao segundo aspecto, deve ser feita a seguinte pergunta: o teste é padronizado para a população alvo da sua avaliação? Esta é uma questão que deve ser considerada primordial. Os artigos científicos de periódicos também devem ser considerados como relevantes fontes de informação. Infelizmente não existe uma receita infalível que indique o uso de um teste em detrimento de outro. O profissional deve se capacitar a fim de ter a competência necessária para o uso de tais instrumentos.