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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 113-1

Oral / Poster


113-1

Atualizações e Contribuições da Avaliação Psicológica para a Terapia Cognitivo-comportamental

Autores:
Mariana Froeseler1, Adriana Munhoz Carneiro2, Priscilla Ohno1, Maycoln Teodoro1
1 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha - Belo Horizonte - MG), 2 FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Av. Dr. Arnaldo, 455 - Cerqueira César - CEP: 01246903 - São Paulo - SP)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Os modelos teóricos que embasam a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) vêm se desenvolvendo com intensa velocidade nos últimos anos. Grande parte deste avanço recente é devido às pesquisas que testam empiricamente os principais pressupostos sobre o funcionamento cognitivo de pacientes e de grupos não clínicos. Neste sentido, o desenvolvimento de instrumentos com propriedades psicométricas adequadas desempenha um papel fundamental. O objetivo desta mesa é apresentar trabalhos sobre esta temática, além de pesquisas relacionando avaliação psicológica com a terapia cognitivo-comportamental. Os dois primeiros trabalhos, “Construção e avaliação de propriedades psicométricas do Inventário de Pensamentos Automáticos Negativos e Positivos para Adolescentes (IPANPA)” e “Estudos iniciais para a validação brasileira da Cognitive Behavioral Assessment Scale –CBAS” tratam do desenvolvimento de instrumentos úteis para a Terapia Cognitivo-Comportamental. Os dois outros trabalhos, “A tríade cognitiva nas díades familiares” e “Avaliação do modelo da vulnerabilidade cognitiva para depressão em crianças e adolescentes” referem à aplicação da avaliação psicológica para o desenvolvimento das teorias em TCCs.

Resumo Apresentador 1

Desde o surgimento do modelo cognitivo de Beck, constata-se o interesse na avaliação de cognições e seu papel no desenvolvimento e manutenção de psicopatologias. Pesquisas conduzidas com adolescentes apontam para a importância dos pensamentos automáticos (PAs) na compreensão de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Apesar desse papel, pouca atenção tem sido dada ao desenvolvimento de instrumentos de avaliação sistemática de PAs, sobretudo no contexto brasileiro. Dessa forma, teve-se por objetivo construir e avaliar propriedades psicométricas do Inventário de Pensamentos Automáticos Negativos e Positivos para Adolescentes (IPANPA). Elaborado por meio de três estudos interdependentes, esse instrumento de autorrelato avalia a frequência com a qual adolescentes têm pensamentos positivos e negativos sobre si mesmos, sobre os outros e sobre o futuro. A partir de uma revisão da literatura e de um estudo exploratório com 149 adolescentes com idades entre 12 e 16 anos (X=12,92; DP=0,9), foram desenvolvidos os itens e a instrução da versão inicial do inventário. Essa primeira versão foi analisada por cinco juízes especialistas, a fim de verificar a validade de conteúdo do instrumento. A aplicação em um grupo de adolescentes forneceu informações sobre a clareza dos itens e da instrução. A partir dos pareceres dos juízes foram feitas alterações no inventário, resultando em uma escala com 136 itens. Análises fatoriais exploratórias (eixos principais; rotação Direct Oblimin) foram conduzidas com 488 inventários, respondidos por adolescentes de 11 a 19 anos (X=14,7; DP=1,83). Novas análises exploratórias com os 60 itens com maiores cargas fatoriais nas dimensões indicaram uma estrutura bifatorial subjacente aos itens, com separação total entre positivos e negativos. Índices de consistência interna, avaliados por meio do alfa de Cronbach, variaram de 0,88 a 0,95, indicando boa precisão do inventário. Os resultados obtidos nesse estudo indicam o IPANPA como um instrumento promissor na avaliação de pensamentos automáticos em adolescentes.

Resumo Apresentador 2

A depressão é um transtorno de humor que contempla múltiplas formas, o que leva a sua significativa prevalência e incidência, tal como a categorização diagnóstica em diferentes tipos. Para sua avaliação, a observação de aspectos cognitivos e comportamentais, no caso entendidos por pensamentos e comportamentos, apresentam uma parcela tão importante quanto ou maior do que a genética. Desse modo, avaliar comportamentos típicos de deprimidos pode ser um importante elemento para facilitar o tratamento e a programação de desfechos clínicos. Assim, o presente trabalho visa apresentar os estudos iniciais de validação brasileira da Cognitive Behavioral Assessment Scale- CBAS, escala elaborada por Ottenbreit e Dobson (2004) a partir dos pressupostos de Ferster (1973) que postula a importância de se observar as relações de evitação para provocar a modelagem e posterior mudança de comportamento. A escala foi desenvolvida especificamente com 31 frases referentes a estilos de evitação típicos de deprimidos, divididas em quatro fatores, quais sejam, Comportamental/social, referentes a evitar sair ou realizar atividades, evitar eventos sociais; Cognitivo não social referindo se a pensamentos de falhas, derrotas e de deixar as possibilidades passarem, Cognitivo Social com itens sobre problemas em relacionamentos sociais relacionados a incapacidade de mudar a forma de reforçamentos provenientes dessa fonte e Comportamental não social em evitar atividades novas, não se sentir hábil para realizar tarefas e acreditar grande parte que tudo o que faz terá como consequência falhas. Para tal, serão apresentados os resultados do processo de tradução e retrotradução, comparação de comportamentos evitativos clinicamente observáveis em adultos deprimidos à população não clinica e aos transtornos de ansiedade.

Resumo Apresentador 3

A Tríade Cognitiva é um dos elementos do modelo cognitivo da depressão de Beck, e está relacionada com as visões de self, mundo e futuro que influencia a percepção e interpretação que o indivíduo tem de suas experiências. Ela se desenvolve na infância e está relacionada com padrões de interação com figuras-chave, como os pais. Este estudo objetiva avaliar a relação dos padrões da Tríade nas díades familiares. Participaram deste estudo 126 crianças e adolescentes de 10 a 16 anos (X=12,46 e DP=1,31), sendo 49 meninos (41,8%) e 77 meninas; 126 mães com idade entre 26 e 54 anos (X=38,44 e DP=6,06); e 87 pais com idade entre 25 e 78 anos (X=42,52 e DP=8,41). Utilizou-se o Inventário da Tríade Cognitiva nas versões adulta e infantil. Nestes instrumentos cada um dos fatores originais da tríade de Beck está dividido em positivo e negativo. As variáveis investigadas foram analisadas através de Correlação de Pearson, sendo tomado como significativo todo resultado com p<0,05. Os resultados mostraram que na díade filho-mãe houve correlações positivas e negativas, nos fatores self negativo, mundo positivo e negativo, e futuro negativo (-0,30 a 0,24). Na díade filho-pai encontraram-se correlações nos fatores self positivo e negativo, mundo negativo, e futuro negativo (-0,33 a 0,31). Na díade mãe-pai os fatores self positivo, mundo positivo e negativo, e futuro negativo se correlacionaram de forma positiva (0,25 a 0,37). Uma possível explicação para estas associações se baseia na hipótese de transmissão familiar, na qual por meio da modelação e exposição dos indivíduos às cognições dos outros, eles tendem a interpretar as situações de forma similar. Nos relacionamentos familiares e conjugais essas visões estão relacionadas ao modo como os indivíduos percebem e interagem entre si. Essas relações devem ser observadas com cautela, pois outros aspectos do relacionamento familiar não foram investigados.

Resumo Apresentador 4

O modelo da vulnerabilidade cognitiva para a depressão pressupõe que a existência de uma estrutura cognitiva depressogênica seria ativada por um evento estressor, causando um padrão de processamento de informação de auto-referencia negativo que conduziria à depressão. Apesar de haver evidências empíricas para o modelo em adultos, existem carências de estudos para amostras mais jovens. O objetivo deste estudo longitudinal foi investigar algumas características deste modelo em uma amostra de crianças e adolescentes. Participaram 217 estudantes com idade variando entre dez e 16 anos (M=12,39; dp=1,18), sendo 126 do sexo feminino (58,10%). O intervalo médio entre as duas coletas foi de 8,40 meses. Os participantes responderam o Inventário da Tríade Cognitiva para Crianças e Adolescentes (ITC-CA), o Inventário de Depressão Infantil e o Inventário de Eventos Estressores na Infância e na Adolescência. Os dados foram analisados por meio de regressão e análise de variância, tendo como variável dependente os resíduos padronizados dos sintomas de depressão na segunda coleta a partir dos escores medidos na primeira avaliação. As variáveis independentes foram as classificações nas medidas de crenças (vulneráveis, moderados e resilientes) e eventos estressores (baixo, moderado e alto). Os resultados mostraram uma interação entre os grupos vulneráveis cognitivamente e com altos escores de eventos estressores, com um maior aumento de sintomas depressivos. Estes dados estão de acordo com o modelo da vulnerabilidade cognitiva, indicando que o mesmo pode ser aplicado a crianças e adolescentes.

Palavras-chave:
 Depressão, Escala psicológica, Terapia cognitivo-comportamental