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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 190-1

Oral (Tema Livre)


190-1

Desafios da Avaliação Psicológica na Fronteira: a Perspectiva de Pacientes Indígenas da Região de Dourados, MS.

Autores:
Pamela Staliano1, Aline Nunes Ramos1, Ronan Carlos da Cunha Fernandes1
1 UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados (Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 Cidade Universitária - CEP: 79.804-970)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

O conhecimento produzido pela ciência psicológica ao longo dos anos vem se edificando por ações desenvolvidas em territórios tradicionais de atuação, por meio de áreas bastante delimitadas, como por exemplo, educação, clínica, organizacional, dentre outras. No entanto, a natureza abrangente do objeto de estudo da psicologia, o comportamento humano e suas vicissitudes, têm impulsionado o psicólogo a questionar sua atuação profissional, quando esta ultrapassa as fronteiras da atuação tradicionalmente delimitada, como é o caso dos povos indígenas. Um grande desafio encontrado no trabalho do psicólogo em comunidades indígenas refere-se à escassez de procedimentos de intervenção validados, com referencial teórico que abarque a cultura e a diversidade simbólica destas populações. Este trabalho consiste em um relato de experiência de estágio supervisionado, realizado em uma Clínica-Escola do Município de Dourados, MS, cujo objetivo consiste em situar algumas dificuldades encontradas na realização da avaliação e atenção à saúde psicológica de uma criança indígena de dez anos de idade, encaminhada pelo Sistema Judiciário, para a realização de psicodiagnóstico. Esta criança estava provisoriamente morando em um abrigo, pois foi retirada do convívio da mãe, após ter sido vítima de abuso sexual coletivo na aldeia em que morava. A criança mostrou-se bastante tímida e retraída no início do atendimento, ficando um pouco mais à vontade nas sessões lúdicas, quando relata o episódio de estupro e fala sobre a mãe “que bebia muito” e ainda, sobre a relação complicada com as outras crianças do abrigo. Faz alusão a muitos conteúdos mórbidos em seus sonhos e fatos passados, contando sobre rituais religiosos e culturais. Entende-se que a cultura indígena agrega ao imaginário da paciente conteúdos distantes da cultura experienciada pela terapeuta. Além do que é possível que os brinquedos presentes na caixa lúdica pudessem não retratar adequadamente a realidade da criança, dificultando interpretações e associações.

Palavras-chave:
 avaliação psicológica, psicodiagnóstico, povos indígenas