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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 572-2

Oral / Poster


572-2

Psicopatologia no ciclo vital: especificidades na avaliação de crianças, adolescentes e adultos

Autores:
W.L. Machado1, D. R. Bandeira2, D. A. DeSousa2, N. Hauck3, N. D. Patias2, D. D. Dell'Aglio2
1 PUC-CAMPINAS - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Centro de Ciências da Vida. Av. John Boyd Dunlop, s/n Jd. Ipaussurama 13060-904), 2 UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Rua Ramiro Barcelos, 2600 - Térreo - Cep - 90035003), 3 USF - Universidade São Francisco (Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45. Centro, Itatiba - São Paulo, CEP 13251-900)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Psicopatologia no ciclo vital: especificidades na avaliação de crianças, adolescentes e adultos A psicopatologia se caracteriza por alterações nos padrões emocionais, comportamentais e de pensamento, acompanhadas de prejuízo significativo para o indivíduo. A psicopatologia está presente em todo o ciclo vital, apresentando diferenças na manifestação de sintomas, curso e dinâmicas de comorbidades. Portanto, é imprescindível o desenvolvimento de técnicas e instrumentos para avaliação dos sintomas psicopatológicos adaptadas à estas especificidades de cada etapa do desenvolvimento humano. Estes instrumentos e técnicas podem auxiliar no diagnóstico e encaminhamentos precoces, assim como no monitoramento de estratégias de reabilitação. Os transtornos mentais e seus sintomas (transtornos menores) são prevalentes em todas as faixas etárias da população brasileira. A presente mesa tem por objetivo apresentar diferentes técnicas na avaliação em psicopatologia em distintas etapas do desenvolvimento: infância, adolescência e adultez. O primeiro trabalho versará sobre a identificação e encaminhamento dos transtornos mentais durante a infância, conforme critérios nomotéticos e idiográficos. Em seguida, o processo de adaptação e as propriedades psicométricas da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para adolescentes serão apresentados, enfatizando aspectos da linguagem e da diferença entre os sexos. Na terceira apresentação, serão apresentadas e discutidas a estrutura e dinâmica dos estados afetivos negativos (depressão, ansiedade e estresse) em uma amostra de adultos, ressaltando aspectos de comorbidade nesta população. Por fim, serão discutidos aspectos da avaliação da psicopatia em adultos, por meio de autorrelato, minimizando-se o viés da desejabilidade social por meio do controle de itens valorativos.

Resumo Apresentador 1

Estrutura e dinâmica dos estados afetivos negativos em uma amostra de adultos No Brasil há uma significativa prevalência dos transtornos psiquiátricos menores e transtornos mentais comuns na população em geral, especialmente em adultos. Ao mesmo tempo, existe um cenário de relativa escassez de instrumentos breves, válidos e fidedignos no contexto brasileiro para avaliar tais sintomas. O presente trabalho tem por objetivo apresentar a validação da Depresseion, Anxiety and Stress Scale (DASS-21) para o português brasileiro uma amostra de adultos [N = 686, 72,7% mulheres e média de idade de 33,9 (SD = 11,30) anos]. Serão apresentadas e discutidas suas propriedades psicométricas, por meio de análises fatoriais confirmatórias que corroboraram a estrutura original de três fatores oblíquos como tendo melhor ajuste [² = 485,86, df = 186, p < 0,001, CFI = 0,98, TLI = 0,98, RMSEA = 0,05 (I.C. 90% = 0,05 - 0,06)] quando comparada a modelos concorrentes. As medidas de fidedignidade das subescalas variam entre 0,91 e 0,94. Posteriormente, para investigar a dinâmica dos sintomas de depressão, ansiedade e estresse, foi empregada a análise de rede. Esta da análise permite a representação gráfica da relação entre variáveis, sem a adoção de um modelo a priori. Por meio do algoritmo de posicionamento Fruchterman-Reingold e de vários algoritmos de associação (correlação, correlação parcial, glasso e elasso) foram destacadas as relações mais relevantes entre os sintomas, especialmente aquelas que explicam como sintomas de um determinado transtorno ativam sintomas de outro. Será apresentada e discutida uma proposta para entender a dinâmica da comorbidade entre os estados afetivos negativos.

Resumo Apresentador 2

Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para adolescentes (EDAE-A) É recente, no Brasil, a investigação e políticas públicas relativas à saúde mental de adolescentes, embora estimativas indiquem que 20% deles possui algum transtorno mental, principalmente depressão e ansiedade. Observa-se a necessidade de instrumentos de mapeamento de tais sintomas que sejam adaptados para esta população. O objetivo desse trabalho é apresentar a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (EDAE-A) para adolescentes brasileiros. Este instrumento foi adaptado da versão Depression Anxiety Stress Scale – short form 21 para adultos. Participaram 426 adolescentes de 12 a 18 anos (M=14,91; DP=1,66), sendo 264 meninas (62%) e 162 meninos (39%), de cinco escolas públicas da cidade de Porto Alegre (RS, Brasil). Na primeira etapa da adaptação, foram realizadas modificações nas instruções do instrumento e na semântica de algumas palavras das afirmativas, de acordo com sugestões dos próprios adolescentes, participantes do estudo piloto. Após essas alterações o instrumento foi aplicado nas escolas. Análises fatoriais confirmatórias foram realizadas, além de teste t de student para comparar a média na escala e nas subescalas entre sexos e faixas etárias. A escala demonstrou consistência interna de 0,90, e os valores nas subescalas variaram entre 0,86 e 0,90. A análise fatorial confirmatória indicou que o melhor modelo foi o de três fatores, confirmando o modelo original com as dimensões depressão, ansiedade e estresse. No escore total e por fatores, houve diferença por sexo, com maior média entre as meninas em todos os escores. Conclui-se que a EDAE-A apresenta qualidades psicométricas favoráveis, mostrando-se um bom e fácil instrumento de levantamento de sintomas de depressão, ansiedade e estresse para adolescentes brasileiros. Sugere-se que novos estudos possam utilizar amostras maiores, de várias regiões do Brasil, de adolescentes de escolas públicas e privadas, além de validação discriminante e convergente com outras escalas.

Resumo Apresentador 3

Saúde mental na Infância: Identificação e Encaminhamento de Transtornos Mentais O objetivo desse trabalho é discutir identificação e encaminhamento de transtornos mentais durante a infância. São apresentados os principais transtornos mentais nessa fase do ciclo vital, discutindo como identificar e reconhecer seus sintomas e sugerindo recomendações de encaminhamento para os casos em que exista suspeita da existência de um transtorno. Os transtornos mentais mais comuns na infância podem ser divididos em dois grandes grupos: internalizantes (ou emocionais) e externalizantes (ou comportamentais). Os transtornos internalizantes compreendem os transtornos de ansiedade e a depressão. Já os transtornos externalizantes compreendem o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, o transtorno opositor-desafiante e o transtorno de conduta. O primeiro passo para considerar a necessidade ou não de realizar um encaminhamento para um serviço de saúde mental é compreender que muitas das emoções que caracterizam os transtornos mentais são naturais para qualquer pessoa. Essas emoções são parte das experiências humanas e sua presença por si só não deve ser encarada como sintoma de transtorno mental. No entanto, quando crianças experimentam essas emoções ou comportamentos de forma intensa (mais intenso do que o padrão normal do próprio jovem ou se comparado a outros jovens), com alta frequência (várias vezes por semana), por longos períodos de tempo (por exemplo, por mais de 6 meses), e com um grau de sofrimento importante e com prejuízos evidentes na vida familiar, escolar e/ou social, é preciso estar atento. A identificação do risco para um transtorno mental deve se basear em dois princípios norteadores: avaliar a diferença da criança em relação a outras da mesma idade e contexto social; e avaliar alterações relevantes da criança em relação às características habituais dela própria.

Resumo Apresentador 4

Desenvolvimento de um instrumento não-valorativo de autorrelato de traços de psicopatia Os aspectos principais que definem a personalidade psicopática são traços de manipulação, falta de empatia e impulsividade, características que são consideradas indesejáveis em diversos contextos culturais. Isso faz com que itens de autorrelato avaliativos de psicopatia capturem variância específica não apenas do componente descritivo da psicopatia – o traço latente –, mas também de um possível aspecto valorativo – a desejabilidade ou o valor do conteúdo descrito pelo item. O presente trabalho revisa a temática da relação entre a psicopatia e a desejabilidade social, e apresenta resultados preliminares da construção de um inventário não-valorativo de traços de psicopatia. O estudo ilustra a possibilidade de refinar a avaliação de níveis patológicos de traços de personalidade ao controlar seu componente valorativo durante o processo de construção dos itens.

Palavras-chave:
 adolescência, adultez, avaliação psicológica, desenvolvimento, infância