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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 776-2

Oral / Poster


776-2

Avaliação Psicológica de Comportamentos Alimentares e suas Implicações para a Saúde

Autores:
LEITNER, P.C.C.1, BUSSOLIN, C.1, ARAUJO, M.F.2, AFONSO, R.M.2, WIEDEMANN, A. M. V.1, SILVA, A.M.B.2, BELLODI, A.C.2, BETTINI, S.A.M.C.1, RIBEIRO, R.A.2, ENUMO, S.R.F.2
1 HC-UFPR - Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (Rua Rua General Carneiro, 181, Centro - Curitiba - PR), 2 PUC-CAMP - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Parque dos Jacarandás, s/n, Campinas-SP)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

O comportamento alimentar é multideterminado por interações entre fatores psicológicos, fisiológicos, genéticos, e ambientais de um indivíduo. O aprendizado e a capacidade de controlar a ingestão de alimentos, que ocorrem ao longo de todo o desenvolvimento humano, necessitam de mecanismos que lidem com informações nutricionais vindas do ambiente e as harmonize com informações fisiológicas e emocionais. Dentre os fatores externos podemos dizer que a influência cada vez maior da mídia na determinação da escolha alimentar e dieta dos indivíduos é bastante significativa. Assim, se torna fundamental para a Psicologia aprofundar esta análise do comportamento alimentar humano, com especial aos fatores que podem predispor à Transtornos Alimentares tão comuns, como a Compulsão Alimentar, Bulimia, Anorexia, dentre outros. Nesta Sessão Coordenada, as quatro comunicações abrangem a área de comportamentos alimentares, sua relação com índice de massa corporal (IMC) e saúde, com foco nos procedimentos diagnósticos, sendo avaliados os seguintes constructos psicológicos: estresse percebido e transtornos alimentares em adolescentes; comportamentos alimentares na diferença de gênero em adolescentes; compulsão alimentar em obesos mórbidos; e fatores alimentares e psiquiátricos em obesos. Ressalta-se que os trabalhos que serão apresentados são voltados para duas populações específicas, adolescentes e obesos adultos. Percebe-se poucos trabalhos para esta população e nesta faixa etária, caracterizada por intensas mudanças biopsicossociais, o que por si só já evidenciaria a necessidade de atenção e acompanhamento psicológico. Assim, esta Sessão Coordenada objetiva apresentar resultados de pesquisas relevantes na área de Comportamentos Alimentares, incentivando o desenvolvimento de novas pesquisas, com estas e outras populações, além de fazer uma reflexão sobre possíveis intervenções.

Resumo Apresentador 1

O estresse em adolescentes é um dos preditores de transtornos alimentares (TA). O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida usada na sua identificação. Na avaliação psicológica na área da saúde, é fundamental o conhecimento desses fatores e suas relações. Objetivou-se verificar a relação entre o IMC e os níveis de estresse percebido em adolescentes escolares. Participaram do estudo 238 alunos de escolas particulares da cidade de Curitiba-PR, com idade entre 14 e 20 anos (M=15,44; ±0,81; 62,19% meninas). Para cálculo do IMC, foram aferidos peso e altura dos participantes. Utilizou-se também a Escala de Estresse Percebido, para análise da percepção de estresse. Os dados foram analisados, no pacote estatístico SPSS, com base em estatística descritiva, além da Correlação de Pearson e ANOVA, com um nível de significância de p<0,05. O IMC médio foi dentro da normalidade, 20,47 (±2,76), sendo: 27% das meninas e 17,80% dos meninos com IMC abaixo do normal; 66,20% meninas e 75,60% meninos dentro da média e 6,80% meninas e 6,60% meninos acima do normal. Os participantes (99,20%) apresentaram em sua maioria estresse percebido acima da média da população brasileira. Não houve correlação significativa entre o IMC e o estresse percebido (p=0,22), apesar de apresentarem uma relação negativa (inversamente proporcionais). Também não houve relação significativa (ANOVA): entre IMC e estresse percebido (F = 1,15; p = 0,27); entre IMC e idade (F = 1,85; p = 0,17); entre IMC e sexo (F = 0,50; p = 0,48). Apesar de o estresse ser alto, o IMC em média foi dentro da normalidade. Porém, destaca-se o alto percentual de adolescentes com IMC abaixo do recomendável, o que é um indicativo para TA. Deve-se atentar para essas alterações, mesmo que não estejam significativamente relacionadas. Somente com uma avaliação psicológica adequada as intervenções poderão ser propostas e avaliadas.

Resumo Apresentador 2

O comportamento alimentar (CA) tem sido relacionado ao “índice de massa corporal” (IMC), preditivo de doenças físicas e problemas emocionais. Verificar essas relações na adolescência é importante para uma intervenção precoce. Neste estudo, analisou-se as relações entre IMC-CA em adolescentes, com as diferenças de gênero. Participaram 238 alunos de escolas particulares (Curitiba-PR), entre 14-20 anos (62,19% meninas). Aferiu-se peso e altura e aplicou-se o Eating Atittudes Test (EAT-26), que avalia o comportamento alimentar, com três subscalas: Fator Bulimia, Fator Dieta e Controle Oral. Utilizou-se estatística descritiva, Correlação de Pearson, ANOVA e ANCOVA (p<0,05) no SPSS. Os resultados indicaram que um IMC médio “normal” (20,47; ±2,76) para 75,60% meninos e 66,20% meninas, mas, havendo 27% das meninas e 17,80% dos meninos abaixo do normal, e 6,80% meninas e 6,60% meninos acima. O comportamento alimentar foi considerado normal, porém, destacou-se o percentual de pessoas com comportamento alimentar anormal (indicativo para Transtornos Alimentares), sendo 14,30% dos meninos e 22,30% das meninas. Os piores resultados ocorreram no Fator Dieta, seguidos do Fator Bulimia e, por fim, do Controle Oral. As correlações significativas existentes foram negativas, indicando que as variáveis são inversamente proporcionais: IMC e controle oral (r = -0,14; p = 0,03); sexo e Fator Bulimia (r = -0,15; p = 0,02); sexo e Fator Dieta (r = -0,22; p = 0,001), sexo e comportamento alimentar total (r = -0,23; p = 0,0001), ou seja, meninas apresentam maiores riscos para Transtornos Alimentares. Não houve relação significativa entre o comportamento alimentar e o IMC (p = 0,57) pelo teste ANOVA, nem quando as variáveis, idade e sexo foram usadas como covariantes (p = 0,12). Assim, há relações significativas entre sexo e comportamento alimentar total, porém, deve haver outro fator mediador e/ou moderador desta relação.

Resumo Apresentador 3

O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é de significativa importância de detecção na avaliação de pacientes candidatos ao tratamento cirúrgico da obesidade, e seu tratamento prévio à cirurgia é indicado na literatura. Indivíduos obesos com este diagnóstico, segundo a literatura se diferenciam de obesos sem este transtorno, pois apresentam maior oscilações de peso e transtornos de humor. Objetivou-se verificar as possíveis relações entre a presença de TCAP com variáveis sociodemográficas e clínicas em pacientes obesos. Realizou-se um estudo transversal com 444 pacientes obesos (IMC=43,30; ± 5,96), com idade média de 44,02 (± 12,34) de ambos os sexos (88,73% mulheres), candidatos ao tratamento cirúrgico da obesidade em um hospital público de Curitiba. Aplicou-se a escala Binge Eating Scale (BES) e análise de prontuários. Os dados foram analisados no pacote estatístico SPSS 20.0. Após verificação de normalidade e homogeneidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov e Levene) utilizaram-se estatística descritiva e Correlação de Pearson, com um nível de significância de p<0,05. Verificou-se que 24,6% da amostra apresenta algum nível de TCAP segundo a escala. Compararam-se os níveis de compulsão alimentar do instrumento BES (1-sem TCAP, 2-TCAP moderado, 3-TCAP Grave) com o estado civil (1-solteira, 2-união estável, 3-casada, 4-divorciada, 5-viúva), com a idade, com o IMC (dados brutos), e com os estratos de IMC (1-obesidade grau I, 2-obesidade grau II, 3-obesidade grau II, 4-super obesidade, 5-super super obesidade). A correlação de Pearson apontou relação positiva entre a compulsão alimentar e o IMC, sendo que quanto maior a compulsão alimentar maior a obesidade (r = 0,13; p<0,05). Assim, estes resultados corroboram com as recomendações e demostram a importância da investigação psicológica no período pré-operatório para melhor conduta terapêutica no processo cirúrgico.

Resumo Apresentador 4

A obesidade é uma doença crônica, multifatorial, com forte impacto psicossocial, apresentando prevalência significativa de transtornos mentais. Hospitais adotam avaliações psicológicas visando identificar fatores psicológicos de risco para o sucesso da cirurgia bariátrica e a perda ponderal. Não há consenso em relação aos testes psicométricos utilizados, sendo poucos para essa população, nem um protocolo único para avaliação. Objetivou-se verificar as possíveis relações dos fatores do Teste de Pirâmides Coloridas de Pfister com aspectos de ansiedade (Inventário de Ansiedade de Beck – BAI), depressão (Inventário de Depressão de Beck – BDI), compulsão alimentar (Binge Eating Scale – BES), e qualidade da sexualidade feminina percebida (Questionário da Qualidade da Sexualidade Feminina – QS-F). Realizou-se um estudo transversal com 66 pacientes obesos (IMC=42,87; ± 6,51), com idade média de 46,21 (± 11,84) de ambos os sexos (84,8% mulheres), candidatos ao tratamento cirúrgico da obesidade (hospital público de Curitiba-PR). Após verificação de normalidade e homogeneidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov e Levene) utilizaram-se estatística descritiva e Correlação de Pearson e MANCOVA com pós hoc Tuckey (p<0,05). A estatística apontou relação positiva entre alto índice de compulsão alimentar e a cor preta aumentada (indicação de repressão ou inibição); houve uma relação negativa significativa entre BDI e formações, ou seja, a presença do aspecto formal de formações, caracterizada por um nível cognitivo e emocional intermediário, se relaciona a um baixo índice de depressão (mínima ou leve). Quanto maior a ansiedade (moderada e grave), maior a relação com branco (p=0,02), que indica fragilidade estrutural e estabilidade precária. Pessoas sem compulsão alimentar ou com compulsão moderada não apresentam a dupla Marrom e Preto (p=0,04), o que corrobora com a prerrogativa do inventário de uma relação entre a compulsividade e a dupla. Os dados desta pesquisa aproximam-se das relações normalizadas no teste, mas precisam de maior compreensão para esta população.

Palavras-chave:
 Avaliação Psicológica, Comportamento Alimentar, Saúde, Transtorno Alimentar