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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 28-1

Oral / Poster


28-1

Psicometria e suas contribuições para o avanço da psicologia no campo da inteligência e seus instrumentos.

Autores:
Gomes, C. M. A.1, Muniz, M.2, Valentini, F.3, Mecca, T. P.4
1 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (Avenida Antônio Carlos 6627, Pampulha, Belo Horizonte-MG CEP: 30575740), 2 UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos (Rod. Washington Luis, km 235 - São Carlos - SP - BR), 3 UNIVERSO - Universidade Salgado de Oliveira (Campus Niterói - Rua Marechal Deodoro, 263 – Centro - Niterói/RJ – CEP: 24030-06), 4 MACKENZIE - Universidade Mackenzie (Rua da Consolação, 930, São Paulo - SP)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

A psicometria é um campo do conhecimento em psicologia voltado para a construção de evidências por meio da modelagem dos construtos psicológicos, que na da busca pela inovação e pela construção de evidências, permite ao psicólogo investigar seus modelos teóricos, compará-los e refutá-los, por meio de métodos quantitativos. Nos últimos anos o desenvolvimento tecnológico relacionado a computação tem gerado periodicamente novas técnicas de análise de dados, o que contribui para o avanço da psicometria, consequentemente para o progresso da psicologia. Em específico, a mesa irá tratar da relação e contribuição da psicometria para o estudo e compreensão do construto inteligência. Será abordado um histórico dessa relação, bem como o papel e aplicação da psicometria na busca de validade de instrumentos e de teorias da inteligência.

Resumo Apresentador 1

A psicometria tradicionalmente constrói e investiga a validade de seus modelos no campo da inteligência por meio das diferenças entre os indivíduos de uma população. A avaliação das diferenças entre pessoas é compreendida como abordagem interindividual. Acumulando mais de 100 anos de estudos, o estado-da-arte da psicometria sobre inteligência é o modelo Cattell-Horn-Carroll (CHC). Ele define que a inteligência é formada por um conjunto de habilidades cognitivas em nível hierárquico. O modelo define a composição de três níveis, definidos pelo grau de abrangência. O nível III é composto apenas por um fator geral, e essa habilidade cognitiva é mobilizada em todas as tarefas intelectuais. Por sua vez, o nível II é formado por habilidades cognitivas amplas, de modo que várias tarefas cognitivas mobilizam cada um dessas habilidades. Por fim, o nível I é formado por habilidades mais especializadas e específicas, bem mais restritas do que as habilidades amplas do segundo nível. Por volta de meados dos anos de 1980, pesquisadores argumentaram que as evidências da abordagem interindividual não podem ser transpostas diretamente para o nível do indivíduo. Eles se basearam nos teoremas ergódicos e sua definição matemática de que dados populacionais podem ser transpostos diretamente para dados do indivíduo apenas quando apresentam homogeneidade e estacionariedade. Os dados em psicologia, em sua maioria, não parecem apresentar essas propriedades, de forma que o conhecimento sobre o indivíduo carece de uma abordagem diferente da interindividual. A abordagem intraindividual é uma solução possível para a construção do conhecimento sobre a pessoa e não sobre a população ou grupos. No presente estudo, são apresentadas algumas evidências a respeito da validade do modelo CHC por meio da abordagem intraindividual. As evidências dessas pesquisas não indicam, até o presente momento, a validade do CHC para explicar a estrutura da inteligência em indivíduos.

Resumo Apresentador 2

O objetivo dessa primeira apresentação é mostrar e discutir o histórico da relação entre psicometria e inteligência. A abordagem psicométrica é uma das principais para a compreensão da inteligência e surgiu com os trabalhos de Spearman utilizando análise fatorial. No entanto, há algum tempo já ocorre uma interface do modelo psicométrico com a psicologia cognitiva, o que vem permitindo novas descobertas e melhor entendimento sobre a inteligência. Atualmente observa-se a evolução da teoria da inteligência por meio da Teoria das Habilidades Cognitivas de Cattell, Horn e Carroll (Teoria CHC) ocorrida justamente por meio do campo psicométrico e da psicologia cognitiva. Porém, uma característica fundamental da psicometria, potencializada pelo desenvolvimento tecnológico e recursos de análise de dados mais sofisticados, é questionar permanentemente os próprios modelos e construtos da psicologia, assim, mesmo sendo bastante aceita a Teoria CHC, há lacunas a serem preenchidas e questões a serem melhores explicadas. Essa apresentação também tem por finalidade esclarecer que a psicometria não deve ser confundida com estatística e que ela tem um papel fundamental na validade de teorias psicológicas, inclusive do campo da inteligência.

Resumo Apresentador 3

A escala Wechsler de inteligência para adultos é um dos instrumentos psicológicos mais utilizados no mundo. As pesquisas sobre estrutura interna da WAIS-III, disponibilizadas nos manuais brasileiro e americano, indicam a mensuração de quatro índices fatoriais: Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional e Velocidade de Processamento. Tais fatores têm sido utilizados para construção de inferências clínicas em diferentes campos da psicologia. A desvantagem desse modelo de quatro dimensões está relacionada à dificuldade para separar a parte da variância devidamente explicada por uma dimensão específica e a parte da variância atribuída simplesmente às correlações com as demais dimensões. Os modelos bifactor resolvem esse problema ao ortogonalizar as dimensões específicas e a geral. Tal procedimento permite estimar escores de dimensões específicas, controlando a variância explicada pela dimensão geral. Consequentemente, é possível avaliar a precisão de determinado escore, controlando o efeito dos demais fatores. Estudos recentes indicam que os modelos bifactor se ajustam bem aos dados. Nesse contexto, o presente trabalho utilizou-se dessa estratégia para investigar a estrutura e a confiabilidade dos escores fatoriais da WAIS-III. Para tanto, foram estimados os parâmetros dos itens para os modelos de primeira ordem, de segunda ordem e bi-factor a partir da matriz de correlações disponibilizada no manual da versão brasileira do instrumento. Os resultados indicaram que o modelo bi-factor apresentou indicadores de ajuste levemente superiores aos dos demais modelos. Os índices de confiabilidade composta foram altos para a dimensão geral (CC=0,96) e muito baixos para as dimensões específicas (CC ≤ 0,35). Tais resultados indicam que, após controlar o efeito da dimensão geral, os escores das dimensões específicas são estimados de maneira imprecisa. Esse resultado também tem uma implicação prática importante: na interpretação dos índices fatoriais da WAIS-III, o escore geral também deve ser considerado. Ademais, sugere-se cautela na interpretação isolada dos escores específicos (índices fatoriais).

Palavras-chave:
 Inteligência, Psicometria, Abordagem Intraindividual, Validade