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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 40-1

Oral / Poster


40-1

Intervenção Cognitiva: desafios e possibilidades

Autores:
Mansur-Alves, M1, Santos, M.T2, Freitas,P.M2
1 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte/MG), 2 UFBA - Universidade Federal da Bahia (Rua Rio de Contas, 58, Quadra 17, Lote 58, Candeias, Vitória da Conquista/BA)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

O campo de estudos em intervenção cognitiva tem buscado investigar, por meio de protocolos padronizados de treinos, a extensão do potencial para mudanças cognitivas na infância e vida adulta, e a manutenção deste potencial durante o envelhecimento. Um dos argumentos para essa perspectiva é sustentado por pesquisas recentes nas Neurociências, que evidenciam a plasticidade neural em vários aspectos do funcionamento neuroquímico e na arquitetura do sistema nervoso central, com repercussões comportamentais positivas sobre o desempenho cognitivo. Outra corrente de argumentos enfatiza o potencial do padrão comportamental ao longo da vida, investigando o poder preditivo de variáveis sociais, físicas e intelectuais sobre habilidades cognitivas gerais e específicas. De acordo com essa perspectiva, a inegável natureza fortemente estável da inteligência não invalida a visão de que é possível aumentar o funcionamento cognitivo, de acordo com as possibilidades de cada faixa etária. Algumas variáveis sociais, físicas e intelectuais vem sendo investigadas como possíveis determinantes do sucesso cognitivo durante esta fase da vida. Dentro deste panorama, os trabalhos de intervenção, nos quais mecanismos cognitivos específicos são isolados e treinados, consistem em uma maneira direta e experimentalmente controlada de investigação do grau de plasticidade no funcionamento intelectual e são, também, uma metodologia de reabilitação, pois podem produzir um impacto positivo na qualidade de vida do indivíduo e determinar o seu sucesso acadêmico e profissional. O crescimento desta área, nas últimas décadas, foi marcado pelo desenvolvimento de técnicas e estratégias de aprendizagem (com foco especial nas habilidades mnemônicas) e pelo desenvolvimento de exercícios de estimulação mental, que objetivam promover o aumento do desempenho em tarefas cognitivas. Atualmente, a geração de estudos em treino cognitivo apresenta-se bastante heterogênea quanto às técnicas e estratégias utilizadas, o formato dos programas e a modalidade de condução. Além disso, os pesquisadores vêm se dedicando à investigação de efeitos de generalização dos ganhos de treino para atividades da vida diária, assim como os efeitos de durabilidade temporal. Apesar dos inegáveis avanços da área, muitas perguntas permanecem sem resposta: 1) Existe um formato de intervenção mais eficaz, no que diz respeito às técnicas e estratégias utilizadas, à modalidade de atendimento (individual e grupo) e aos estímulos (computadorizado ou lápis-e-papel)?; 2) Até que ponto a intervenção sobre uma dada habilidade repercute em outras habilidades cognitivas (efeitos de transferência)? ; 3) Podemos esperar efeitos de generalização das aprendizagens construídas na intervenção para atividades cotidianas?; 4) Por quanto tempo os efeitos de ganho da intervenção podem ser observados (durabilidade)?; 5) É possível alcançar resultados efetivos em grupos clínicos? A presente proposta de mesa redonda pretende apresentar o estado da arte no campo da intervenção cognitiva para faixa etária infantil e de idosos e debater sobre os pontos de contenção que permanecem e dividem a área. A discussão será conduzida a partir da apresentação de três estudos experimentais: 1) Intervenção em memória operacional para promoção cognitiva em crianças: resultados preliminares de um treino cognitivo para crianças na segunda e terceira infâncias, desenvolvido no Brasil; 2) Treino cognitivo para reabilitação neuropsicológica para crianças com déficits no processamento lexical: efeitos de um programa de estimulação do componente lexical, da rede semântica e consciência fonológica no desempenho de leitura e escrita; 3) Treino cognitivo para idosos saudáveis (sem demência): resultados de um treino cognitivo com foco na estimulação da atenção concentrada, memória episódica e memória de trabalho sobre medidas cognitivas. Assim, pretende-se apresentar, na proposta desta mesa-redonda, as principais evidências internacionais e nacionais na área, os consensos alcançados e os pontos de contenção que ainda permanecem e dividem os pesquisadores quanto à possibilidade de intervenção cognitiva nesta fase da vida.

Resumo Apresentador 1

Intervenção em Memória Operacional para Promoção Cognitiva em Crianças: como e por quê? Déficits nas funções executivas, especificamente, na memória operacional (MO) têm sido associados às dificuldades de aprendizagem variadas. Inúmeros estudos, realizados nos últimos seis anos, demonstram que a memória operacional pode ser melhorada por meio de intervenção e suporte ambiental, dada a plasticidade cerebral, particularmente elevada na infância e adolescência. Resultados positivos destas intervenções têm oferecido novas oportunidades de aprendizagem e sucesso para crianças com atrasos ou déficits em MO. Apesar dos resultados positivos de tais programas, esta área de pesquisa é recente, carecendo de aprofundamento metodológico, teórico e prático em muitos dos aspectos investigados. Nesse sentido, tem-se como objetivo apresentar o estado atual da produção de conhecimento nesta área, enfocando os diversos programas de intervenção já desenvolvidos, seus resultados principais e limitações. Ademais, objetiva-se apresentar resultados iniciais de um programa de promoção cognitiva em MO para crianças na segunda e terceira infâncias, desenvolvido no Brasil. Espera-se, assim, contribuir para encontrar algumas respostas para a questão da possibilidade de mudança cognitiva e fomentar a criação de ferramentas importantes para profissionais de saúde e educadores no desafio de melhorar o rendimento escolar e o alcance educacional das crianças brasileiras.

Resumo Apresentador 2

Treino cognitivo para idosos: avanços e limitações da área O campo de intervenção cognitiva para idosos tem buscado investigar a manutenção do potencial para mudanças cognitivas durante o envelhecimento. Dentre as diversas possibilidades de promoção intelectual, encontram-se os protocolos padronizados de treino, nos quais mecanismos cognitivos específicos são isolados e treinados, consistindo em uma maneira direta e experimentalmente controlada de investigação do grau de plasticidade no funcionamento intelectual de adultos-idosos. A geração atual de estudos em treino cognitivo apresenta-se bastante heterogênea quanto às técnicas e estratégias utilizadas, o formato dos programas e a modalidade de condução. Aliada a esta discussão, serão apresentados os resultados da condução de um programa de treino cognitivo para idosos, na modalidade individual, com foco na estimulação da atenção, velocidade de processamento, memória episódica e memória de trabalho. A pesquisa foi conduzida em um grupo de 80 participantes sem diagnóstico de demência, distribuídos entre o grupo experimental (n = 47), que recebeu o treino, e o grupo controle (n = 33), que não foi submetido ao protocolo. Foram utilizadas, como medidas cognitivas, o Teste de Memória Episódica (lista e história) e seis subtestes do WAIS-III: Completar Figuras, Códigos, Aritmética, Raciocínio Matricial, Dígitos e Procurar Símbolos. O treino foi conduzido em sessões individuais, com duração de 10 a 14 encontros e frequência semanal. Os resultados do teste rank transformation ANOVA indicaram efeito significativo de treino, por meio da interação entre os fatores Tempo versus Grupo, para as medidas: Completar Figuras (F(74) = 14,88, p = 0,0002, d = 0,90, cles = 73,69%), Códigos (F(74) = 5,66, p = 0,019, d = 0,55, cles = 65,21%) e Dígitos (F(74) = 5,38, p = 0,02, d = 0,54, cles = 64,85%). Os resultados deste estudo serão debatidos a partir das evidências internacionais e nacionais sobre os efeitos do treino cognitivo para idosos, seus alcances e limitações.

Resumo Apresentador 3

Treino Cognitivo para a Reabilitação Neuropsicológica para Crianças com Déficits no Processamento Lexical O desenvolvimento da linguagem é um preditor importante para o desenvolvimento cognitivo e escolar. As crianças com atraso no desenvolvimento das funções linguísticas podem apresentar dificuldades de leitura e escrita. A identificação de déficits específicos do processamento lexical possibilita a realização de intervenções precoces, o que favorece o efeito da reabilitação. Como proposta para a mesa redonda será apresentado um estudo que teve como objetivo a elaboração e a aplicação piloto de um programa de estimulação psicolinguística. O objetivo desse programa foi a reabilitação neuropsicológica funcional da linguagem através da estimulação do componente lexical, da rede semântica e consciência fonológica para o melhor desempenho em leitura e escrita. O programa foi fundamentado no uso de estímulos psicolinguísticos associados ao reforçamento diferencial com duração de doze sessões semanais de 90 minutos. Para testar os efeitos do programa foi realizada avaliação através da Bateria de Avaliação Neuropsicológica do Processamento Lexical em dois grupos: o grupo com dificuldade de leitura (14 crianças com idade entre 8 e 10 anos) e um grupo controle (40 crianças com idade entre 8 e 10 anos). Os resultados iniciais indicaram déficits com padrão de escores abaixo de dois desvios para o grupo de crianças com dificuldades de leitura. Os resultados da comparação com grupo controle utilizaram os dados de pré e pós intervenção. A comparação de grupos no pré-teste mostrou diferenças significativas para a maioria das tarefas que mediam componente fonológico, lexical e semântico e sendo que no pós-teste só foi encontrada diferença significativa para uma tarefa. O desempenho nas tarefas de avaliação foi equitativo na comparação do pós-teste, sugerindo melhora no desempenho do processamento lexical. Os resultados encontrados demonstram que a reabilitação neuropsicológica favorece o desenvolvimento escolar, sendo que os melhores efeitos são alcançados a partir de uma avaliação adequada das funções cognitivas e seus componentes.

Resumo Apresentador 4



Palavras-chave:
 inteligência, funções executivas, memória operacional, treino cognitivo