Oral / Poster
345-1 | AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE ADULTOS MAIS VELHOS COM O USO DE TÉCNICAS DE MANCHAS DE TINTA | Autores: | Scortegagna, S.A.1, Lampert, C.D.T.1, Di Domenico Grazziotin, J.B.1
1 UPF - Universidade de Passo Fundo (Passo Fundo, Rio Grande do Sul) |
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Resumo: Resumo Geral da Mesa
As demandas de avaliação dos aspectos psicológicos dos adultos mais velhos aumenta na medida em que, o segmento dessa população se torna predominante no Brasil e no mundo. Contudo, estudos que consideram a aplicação de instrumentos de autoexpressão, especialmente os de manchas de tinta, são praticamente inexistentes. Considerando a importância de se preencher esta lacuna e de responder as demandas de maneira eficiente, esta mesa apresenta três estudos que analisam as contribuições das técnicas de autoexpressão na avaliação psicológica com adultos mais velhos. O primeiro estudo aborda a trajetória histórica do uso do método de Rorschach com os adultos idosos; o segundo, propõe discutir alguns dados preliminares sobre a avaliação geriátrica ampla de mulheres com depressão e o uso do método de Rorschach no Sistema Compreensivo; o terceiro, expõe os aspectos cognitivos no Zulliger e sua relação com variáveis externas, no envelhecimento bem-sucedido. Os trabalhos são frutos de dissertações de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo UPF-RS, sob orientação da coordenadora desta mesa.
Resumo Apresentador 1
Trajetória Histórica do uso do Método de Rorschach com Adultos Idosos.
Silvana Alba Scortegagna.
Os primeiros estudos com o uso do Rorschach trouxeram uma visão mais patológica da personalidade na velhice. As contribuições mais relevantes reportam que com no avançar da idade o idoso mostra diminuição nos níveis de resposta emocional, habilidades integrativas mais pobres, menor precisão perceptual e diminuição da eficiência intellectual (↑FQ-, DQ+↓, Zf↓, M↓). A perda e diminuição das capacidades intelectuais parecem contribuir para o aumento dos níveis de rigidez cognitiva revelados em uma diminuição do número de respostas (↓R), baixa produção de respostas de movimento humano (↓M), baixa produção de respostas de qualidade formal superior/elaborada (↓FQ+), diminuição da capacidade de produzir respostas populares (↓P), maior freqüência de respostas globais (↑W) e de movimento animal (↑FM). O empobrecimento emocional na velhice foi associado a diminuição nas pontuações da soma ponderada de cor (↓WSUMC), aumento de respostas de forma pura e elevação das respostas de conteúdo animal (↑F%, A↑) e diminuição na proporção do coeficiente afetivo (↓Afr). Pesquisas posteriores demonstraram que as características de personalidade vistas como patológica na velhice eram um artefato de métodos falhos. Entre as limitações, foi constatado a falta de controle dos aspectos cognitivos, de inteligência, de escolaridade, do status residencial, socioeconômico e de saúde. Mais de 20 anos se passaram e as pesquisas mantiveram-se escassas, a despeito de Leopoldo Bellak, no XIII Congresso Internacional de Rorschach e outras técnicas projetivas, realizado em Paris em 1990, enfatizar o aumento da longevidade da população e a importância de se adaptar, normatizar esses instrumentos para os idosos. Considerando, ainda, que as técnicas de manchas de tinta podem ser sensíveis a mudanças sutis da personalidade, capazes de auxiliar a compreender como o idoso lida com as deficiências físicas, cognitivas, e associadas as doenças crônicas ou agudas, torna-se necessário o desenvolvimento de estudos que contemplem essa ferramenta com essa população.
Resumo Apresentador 2
A Avaliação Geriátrica Ampla de Mulheres com Depressão.
Claudia Daiane Trentin Lampert.
Silvana Alba Scortegagna.
Com o aumento da longevidade, há o incremento de demandas de avaliação da depressão, especialmente em mulheres idosas. A incapacidade funcional, o declínio cognitivo, as queixas de dor, as doenças crônicas, e os traços de personalidade estão associados a causa e ao efeito do quadro, requerendo uma Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). Considerando o problema supramencionado, buscou-se avaliar mulheres idosas com depressão, por meio de uma abordagem abrangente. Participaram cinco idosas, com idades entre 63 a 76 anos (M=67,6), viúvas, com ensino fundamental, aposentadas, que residiam com familiares, diagnosticadas com depressão por um médico, segundo o DSM-5. O critério de inclusão foi apresentarem o diagnóstico de depressão e, o de exclusão, foi exibirem indicativo de demência no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM>19). Como instrumentos utilizaram-se um questionário sociodemográfico e de saúde, MEEM, Escala de Depressão Geriátrica GDS-15, Escala Visual Analógica (EVA), Escala de independência em Atividades da Vida Diária de Katz, e o método de Rorschach no Sistema Compreensivo RSC. A coleta de dados ocorreu em uma unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF), após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo, e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Entre os resultados, constatou-se declínio cognitivo (MEEM≥20), sintomas depressivos (GDS-15≥6), vivência de dor crônica de leve a moderada (EVA), alterações na autopercepção e baixa autoestima (RSC) e capacidade funcional preservada (Katz ≤1). A hipertensão arterial, diabetes e cardiopatias foram as comorbidades mais apresentadas. Estes resultados apontam para a presença de indicadores psicológicos associados à depressão, e ressaltam a importância do RSC na avaliação ampla e interdisciplinar para direcionar ações interventivas.
Resumo Apresentador 3
Aspectos Cognitivos no Zulliger e sua Relação com Variáveis Externas: Implicações para o Envelhecimento Ativo.
Jucelaine Bier Di Domenico Grazziotin.
Silvana Alba Scortegagna.
A avaliação psicológica oferece subsídios para o entendimento dos processos psíquicos, entre eles, os cognitivos. O objetivo deste estudo foi verificar a relação das variáveis idade, nível socioeconômico (NSE) e escolaridade com a capacidade cognitiva a partir do Teste de Zulliger. Participaram 142 indivíduos saudáveis, com idades entre 18 e 96 anos, de ambos os gêneros, procedentes de estabelecimentos comerciais e de grupos de convivência, do interior do estado do Rio Grande do Sul. Como instrumentos utilizaram-se: Protocolo de caracterização sociodemográfica e de saúde; Teste de Zulliger no Sistema Compreensivo (ZSC) e o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). A coleta de dados iniciou após a carta de autorização das instituições, a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo (CEP-UPF) e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os resultados foram obtidos pela correlação de Pearson (p˂0,05). As análises estatísticas demonstraram uma diminuição significativa em M, XA% , P, a, e aumento em PSV, X-%, F%, Intelectualização e ALOG nas faixas etárias mais elevadas, denotando uma tendência à limitação no processamento da informação, na percepção de eventos e convencionalidade, no raciocínio abstrato e na iniciativa. Observou-se, também, a presença de um raciocínio forçado e o uso da intelectualização, possivelmente como uma forma de defesa frente às perdas e a proximidade com a finitude. Variáveis como R, ZF, W, M e DQ+ aumentaram significativamente nos indivíduos com NSE e escolaridade mais elevadas. Estes fatores, aliados às condições de saúde, demonstraram contribuir para a manutenção ou a potencialização cognitiva. Os achados corroboram a literatura que destaca a influência da idade, do NSE e educacional na cognição, trazendo contribuições para o envelhecimento ativo.
Resumo Apresentador 4
Palavras-chave: Rorschach, Zulliger, Sistema Compreensivo, Evidências de Valide, Envelhecimento Humano |