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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 407-1

Oral / Poster


407-1

ESTRESSE E COPING NA PSICOLOGIA DO ESPORTE E DA ATIVIDADE FÍSICA

Autores:
Andressa Melina Becker da Silva1, Sônia Regina Fiorim Enumo1, Lucas de Francisco Carvalho2, Murilo Fernandes de Araújo1, Renan de Morais Afonso1, Isabella Goulart Bittencourt3
1 PUC-CAMPINAS - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Av. John Boyd Dunlop - s/n, Jd. Ipaussurama - Campinas - SP), 2 USF - Universidade São Francisco (R. Alexandre R Barbosa, Itatiba - SP), 3 UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina ( Av. Des. Vítor Lima, 222 - Trindade, Florianópolis - SC)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

A Psicologia do Esporte e da Atividade Física apresenta poucos instrumentos de avaliação psicológica específicos para a área, sem ter, até o momento, instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia. Durante grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, a área ganha destaque nacional já que seremos sede desses eventos. Contudo, este tema deveria estar presente também fora desses períodos, indo além das modalidades esportivas, ampliando para a Atividade Física em geral. Nesse campo de atuação, devem-se considerar as avaliações e intervenções com bailarinos, já que a dança faz parte da cultura do Brasil, vide o Festival de Joinville-SC, o maior festival de dança do mundo -, e apresenta uma sobrecarga física e psicológica semelhante ao esporte. Nesta Mesa Redonda, as três apresentações abrangem a área de Psicometria aplicada à Psicologia do Esporte e da Atividade Física, mostrando relações entre estresse e coping, as quais são importantes para a preservação da saúde, da qualidade de vida e do desempenho dos praticantes de esportes e de atividades físicas. Ressalta-se que os trabalhos que serão apresentados são voltados para adolescentes, uma população pouco estudada. Essa idade entre 12 e 18 anos é caracterizada por intensas mudanças biopsicossociais, o que por si só já evidenciaria a necessidade de atenção e acompanhamento psicológico. A Comunicação 1 abordará os estressores presentes na dança competitiva. Na Comunicação 2, serão apresentados os dados sobre Coping Atlético, cujo instrumento já existente para atletas foi adaptado para bailarinos. A Comunicação 3 apresentará a construção e evidências de validade de um instrumento de Coping da Dor para bailarinos. Serão, assim, apresentados resultados de pesquisas relevantes na área, incentivando a adaptação e validação de instrumentos de avaliação psicológica de acordo com a modalidade de atividade física ou esporte praticado, atentando-se também para a faixa etária.

Resumo Apresentador 1

O estresse é uma relação indivíduo-ambiente autoavaliada como excedendo seus recursos de enfrentamento. Na dança, o período pré-competitivo é estressante, necessitando ser avaliado, mas há poucos instrumentos para essa população. Objetivou-se adaptar para bailarinos e verificar as evidências de validade da Lista de Sintomas de Stress Pré-Competitivo Infanto-Juvenil. Participaram do estudo 286 bailarinos (idade média = 15,23; ± 2,22), avaliados durante festivais de dança no Brasil. Verificaram-se as evidências de validade de conteúdo, com auxílio de juízes, pela avaliação da pertinência prática, pertinência teórica e linguagem (um item foi excluído). Para verificação da consistência interna, realizou-se uma análise exploratória (análise fatorial paralela para variáveis categóricas ordinais), a fim de verificar o número máximo de fatores para o instrumento, sendo que este procedimento indicou até sete fatores. Em seguida, foi realizada a análise fatorial exploratória com índices de ajuste, forçando-se soluções de dois a sete fatores, utilizando a rotação oblíqua geomin, e método de extração Maximum Likelihood Robust (MLR). O modelo com melhor relação índices de ajuste e interpretação foi o de três fatores. Os índices encontrados para esse modelo foram X2/df = 1,94 (bom); RMSEA = 0,060 (adequado); CFI = 0,822 (não satisfatório); e SMR = 0,052 (bom). A versão final da dimensão ficou composta por 24 itens (diferente dos 31 itens que o instrumento originalmente propõe), distribuídos em três fatores - Estressor intrínseco fisiológico (α = 0,76); Estressor extrínseco social (α = 0,83); Estressor intrínseco cognitivo/emocional (α = 0,77), variando entre sete e nove itens por fator. Para exclusão dos itens, foram utilizados os seguintes critérios: o item prejudicar ou não favorecer a consistência interna do fator, pouca consistência interpretativa para manutenção do item no fator, e cargas expressivas em outros fatores (diferença menor que 0,50 nas cargas intrafatores). Os resultados indicam ser o instrumento adequado para bailarinos adolescentes.

Resumo Apresentador 2

O contexto de competição, na dança ou no esporte, gera cobranças por rendimentos e sobrecarga física e psicológica. Visando à autorregulação, estratégias de enfrentamento são acionadas para lidar com os estressores. Este estudo adaptou para bailarinos e verificou as evidências de validade o Athletic Coping Skills Inventory. Avaliou-se 363 bailarinos, com idade média de 15,61 anos, durante festivais de dança. Verificaram-se as evidências de validade de conteúdo, com avaliação de juízes para a pertinência prática, pertinência teórica e linguagem (1 item excluído). Para verificação da consistência interna, fez-se análise exploratória (análise fatorial paralela para variáveis policóricas), buscando verificar o número máximo de fatores, sendo indicado até sete fatores. Após, fez-se a análise fatorial exploratória, com índices de ajuste, forçando-se soluções de dois a sete fatores, com rotação oblíqua geomin e método de extração Maximum Likelihood Robust (MLR). Os índices de ajuste (X2/DF=1,80; RMSEA=0,051; CFI=0,893 e SMR=0,037) indicaram melhor adequação da solução com cinco fatores, que teve melhor interpretação teórica para os conjuntos de itens. Nesta solução, 5 itens foram excluídos, mantendo-se todos os fatores com 3 itens, exceto o Fator 3, com 7 itens. A consistência interna do conjunto final de 19 itens foi 0,69, e a dos fatores variou entre 0,53 e 0,74. Para comparar a solução de 5 fatores e o modelo teórico (7 fatores), utilizou-se análise fatorial confirmatória. As cargas fatoriais variaram entre 0,45 e 0,75. Os índices de ajuste para o modelo de sete fatores foram X2/df=2,22; RMSEA=0,063; CFI=0,760; e, SMR=0,077. Apesar de não serem índices adequados, quando comparados aos índices obtidos no modelo empírico de cinco fatores, se mostram mais adequados. Portanto, esse instrumento se mostrou adequado para aplicação com bailarinos adolescentes. Com isso, ressalta-se a importância da adaptação e verificação das evidências de validade de um determinado instrumento para populações específicas.

Resumo Apresentador 3

A dança, assim como o esporte, é competitiva, sendo a dor um estressor relevante para a saúde e bem-estar físico e mental dos participantes. Objetivou-se construir um instrumento para avaliar o coping da dor em bailarinos brasileiros, bem como verificar suas evidências de validade. A construção dos itens se deu com embasamento na Teoria Motivacional do Coping [TMC] e experiência prática da primeira autora. Foram criados, inicialmente, 118 itens, que, após avaliação por juízes, foram reduzidos para 36 itens. Para determinação da solução fatorial, procedeu-se inicialmente à análise paralela para variáveis policóricas, por meio do software estatístico R versão 2.15.3. Apesar da baixa magnitude de correlação, a proposta com 2 fatores: Estratégias de enfrentamento [EE] Adaptativas e EE Mal adaptativas - é que foi melhor explicada teoricamente, sendo mantida. A análise da fidedignidade mostrou, no Fator 1, o alfa de Cronbach de 0,65 e, no Fator 2, de 0,67. Alguns itens se mostraram inversos ao esperado teoricamente, como por exemplo, o item 6 – “Negocio com o professor para fazer ensaios mais leves”, que teoricamente seria considerada uma EE adaptativa, mas que, na prática, foi alocada no Fator EE mal-adaptativas. Em um estudo longitudinal (N=20), utilizando-se esse instrumento como avaliação pré e pós-intervenção, percebeu-se que, ao longo da intervenção, as bailarinas diziam que não tentavam negociar com o professor por treinos mais leves, pois sabiam que corriam o risco de serem excluídas do grupo, retiradas da coreografia ou criticadas. Isso fez com que as cargas fatoriais fossem baixas; porém, pela relevância prática dos itens, optou-se por mantê-los. Assim, existe uma especificidade da modalidade praticada, que aponta funções psicológicas opostas ao estipulado teoricamente, o que apenas reforça a ideia de que, em Psicologia do Esporte e da Atividade Física, precisa-se atentar para a construção e adaptação de instrumentos para cada modalidade.

Resumo Apresentador 4



Palavras-chave:
 estresse, coping, psicologia do esporte, avaliação psicológica, dança