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VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 1039-1

Oral / Poster


1039-1

Avanços e Desafios na Mensuração de Traços de Personalidade

Autores:
Jean C. Natividade1, Claudio S. Hutz4, Nelson Hauck-Filho3, Wagner L. Machado2
1 PUC-RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (R. Marquês de São Vicente, 225, Rio de Janeiro, RJ), 2 PUC-CAMPINAS - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Av. John Boyd Dunlop, s/n, Campinas,SP), 3 USF - Universidade São Francisco (R. Alexandre R Barbosa, Itatiba, SP), 4 UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (R. Ramiro Barcelos, 2600, Porto Alegre, RS)

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Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Os objetivos desta mesa são apresentar limitações frequentemente encontradas na área de mensuração da personalidade na perspectiva dos cinco grandes fatores, e sugerir alternativas metodológicas para os problemas recorrentes. Inicialmente, será realizado um breve histórico sobre o desenvolvimento da perspectiva dos traços, ressaltando-se os principais achados desde os primórdios da pesquisa empírica sobre o tema até os dias atuais. Em seguida, algumas limitações das medidas sobre os cinco grandes fatores serão trazidas à tona a partir da apresentação de um estudo em que se comparou uma medida reduzida com um teste padronizado de personalidade. As limitações dos instrumentos continuam em foco na terceira apresentação desta mesa, em que se destacam os problemas de enviesamento de respostas em função da desejabilidade social. Nessa etapa, serão enfatizadas as implicações do efeito do viés das respostas em verificações de modelos teóricos, bem como, possíveis soluções para neutralização desse efeito. Na quarta apresentação, será mostrada uma alternativa para a compreensão de modelos de personalidade, evidenciando-se um sistema em que itens de um instrumento se agrupam formando redes de associações em função de relações causais, homeostáticas ou lógicas. Por fim, a importância de perspectivas explicativas sobre personalidade e as possibilidades de avanços metodológicos com a utilização de medidas implícitas também serão alvos de discussão da mesa.

Resumo Apresentador 1

Será apresentado um breve histórico sobre o desenvolvimento da perspectiva dos traços, desde Allport até os dias atuais. Para tanto, pretende-se mostrar como os estudos clássicos sobre a abordagem léxica, juntamente com técnicas de análises fatoriais, desencadearam a produção de pesquisas que culminaram nos cinco grandes fatores de personalidade, no mundo e no Brasil. Então, serão listados os instrumentos mais utilizados para acessar os cinco grandes fatores, as diferenças entre a abordagem fenotípica dos cinco grandes e o modelo proposto por Costa e McCrae, a replicabilidade dos fatores em diversas culturas a partir dessas duas perspectivas sobre os cinco grandes e as limitações das abordagens. Por fim, serão destacados modelos derivados das correlações entre os cinco grandes fatores, os modelos hierárquicos, as críticas a esses modelos e direcionamentos para pesquisas futuras. Pretende-se concluir com uma reflexão acerca da importância de perspectivas explicativas, mais do que apenas descritivas, sobre a personalidade.

Resumo Apresentador 2

Serão apresentados resultados de uma pesquisa empírica em que se buscaram evidências de validade e precisão de uma escala reduzida para aferir características de personalidade sob a perspectiva dos cinco grandes fatores. A pesquisa deu-se em dois estudos sequenciais. No primeiro, elaborou-se uma escala de 20 itens e verificou-se adequação estrutural. No Estudo 2, testaram-se relações entre o instrumento elaborado e um teste padronizado que acessa a personalidade no modelo dos cinco grandes fatores. Observaram-se correlações moderadas entre os fatores da medida reduzida e seus correspondentes no teste padronizado. Por fim, testaram-se dois modelos preditivos para a satisfação de vida; um com os fatores da escala reduzida e outro com os do teste padronizado. Ambos os modelos mostraram os mesmos fatores como explicativos, porém, a medida reduzida explicou apenas metade da variância explicada pelo teste padronizado. Discute-se que mesmo que instrumentos reduzidos apresentem propriedades psicométricas adequadas, eles podem aumentar as chances de erros inferenciais.

Resumo Apresentador 3

Evidências empíricas sugerem que as pessoas tendem a concordar mais com itens de autorrelato cujo conteúdo é socialmente desejável e menos com itens cujo conteúdo é visto como indesejável em determinada cultura. Esse fenômeno cria uma situação de multidimensionalidade, em que as respostas aos itens variam tanto em função do aspecto descritivo de interesse – o traço de personalidade – quanto do aspecto valorativo do item – a desejabilidade, popularidade ou valor da característica descrita pelo item. Uma avaliação menos enviesada de características de personalidade deve buscar minimizar a influência de um possível componente valorativo, e maximizar a informação acerca do componente descritivo do traço. O presente trabalho tem como objetivo revisar duas possíveis estratégias de neutralização de itens de autorrelato avaliativos de personalidade: os quadruplets de Dean Peabody e a neutralização valorativa. São discutidos os benefícios, os desafios e as implicações da neutralização no que diz respeito à construção de instrumentos, análise empírica de itens e teste de modelos teóricos.

Resumo Apresentador 4

Psicometricamente, a personalidade pode ser representada por um conjunto de traços latentes que explicam estruturas de covariância entre indicadores comportamentais, afetivos e cognitivos. No presente trabalho será apresentado e discutido o modelo de personalidade como um sistema. Neste sistema, representado por uma rede, a personalidade é o fenômeno que emerge da arquitetura e dinâmica das interrelações entre comportamentos, afetos e crenças. Os componentes (indicadores) da rede agrupam-se não por medirem o mesmo traço latente, contrariando a visão psicométrica, mas por razão de dependência devido a relações causais, homeostáticas ou lógicas. Para tanto, serão investigadas a arquitetura e dinâmica de marcadores adjetivos da personalidade, em duas amostras independentes de adultos (n = 512 e n = 175). Será empregada a análise de rede, utilizando-se o algoritmo de posicionamento Fruchterman-Reingold e vários algoritmos de associação (correlação, correlação parcial, glasso, elasso e redes bayesianas), com a finalidade de descrever as relações mais estáveis entre as características de personalidade avaliadas pelo instrumento. Os resultados indicam que as características de personalidade tendem a se agrupar como esperado em modelos de traços latentes, porém nem todas as características relacionadas aos “fatores” estão associadas entre si, e ainda, há relações de dependência entre essas características, ou seja, algumas características são especificamente influenciadas por outras.

Palavras-chave:
 traços de personalidade, medidas da personalidade, construção de instrumentos, desejabilidade social