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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 226-1

Mesa-Redonda


226-1

Instrumentos de avaliação de comportamentos socioemocionais para diferentes etapas do desenvolvimento humano

Autores:
Queluz, F. N.F.R.2,1, Peixoto, E. M.2, Sá, L.G.C.3,1, Freitas, L.C.4,1
1 UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos, 2 USF - Universidade São Francisco, 3 UFMA - Universidade Federal do Maranhão, 4 UFAL - Universidade Federal de Alagoas

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Pesquisas realizadas recentemente indicam que pessoas com melhores habilidades socioemocionais apresentam também uma melhor qualidade de vida. Diante disso, percebe-se a importância de desenvolver instrumentos que avaliem estas habilidades, uma vez que os mesmos podem subsidiar futuras intervenções. O objetivo da mesa ora proposta é apresentar novos instrumentos nessa temática e suas evidências de validade, como também discutir novas possibilidades de avaliação de habilidades socioemocionais. Para tal, o Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças (SSRS), a Escala de Autoeficácia Social para Universitários Brasileiros (EAS-U-BR) e o Inventário de Habilidades Sociais para Cuidadores de Idosos (IHS-CI) serão apresentados, assim como os estudos de validade que foram realizados com cada um. Por último, serão apresentadas novas possibilidades para a avaliação de habilidade socioemocionais, como o TESSERA Non-cognitive Assessment System e o instrumento brasileiro SENNA (Social and Emotionalor Non-cognitive Nationwide Assessment). A partir da apresentação de todos estes instrumentos, percebe-se a importância de avaliar as habilidades socioemocionais, uma vez que possíveis intervenções realizadas com base nelas podem garantir uma maior qualidade de vida para populações em diferentes faixas etárias.

Resumo Apresentador 1

O Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças (SSRS) é a versão brasileira do Social Skills Rating System, originalmente norte-americano, que já foi submetido a estudos psicométricos em diferentes países. O SSRS é composto por três escalas padronizadas - para professores, pais e estudantes - que avaliam habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica. A disponibilização da versão brasileira das escalas tem contribuído para a realização de estudos de avaliação multimodal de diferentes grupos, incluindo crianças com deficiência visual e intelectual, autismo, dentre outras. Este estudo teve como objetivos reexaminar a Estrutura Fatorial da versão brasileira das escalas do SSRS em uma amostra ampliada de participantes e, posteriormente, executar a Análise Fatorial Confirmatória em outro subconjunto de dados. As análises basearam-se em uma amostra total de 942 crianças de seis a 13 anos, 817 avaliações de professores e 562 avaliações de pais, provenientes de quatro estados brasileiros. A análise fatorial exploratória, realizada sobre metade dos dados, apontou uma estrutura de cinco fatores para a escala de habilidades sociais para pais e de quatro fatores para as escalas de professores e estudantes. Para as escalas de problemas de comportamento, foram encontrados três fatores no instrumento para pais e dois fatores no instrumento para professor. A análise da consistência interna indicou valores altos para as escalas globais de habilidades sociais (Professores & #945;=0,92; Pais & #945;=0,85; Estudante & #945;=0,73), problemas de comportamento (Professores & #945;=0,89; Pais & #945;=0,84) e competência acadêmica (Professores & #945;=0,98). A partir da estrutura fatorial obtida, foi executada a análise fatorial confirmatória sobre a outra metade dos dados, que revelou índices de ajuste satisfatórios, após a eliminação de alguns itens e a realização de algumas re-especificações. Discutem-se as implicações dos estudos psicométricos com o SSRS para a avaliação e o treinamento de habilidades sociais com crianças. & #919; & #920;

Resumo Apresentador 2

A autoeficácia social pode ser definida como um conjunto de crenças que um indivíduo possui sobre sua capacidade de integrar componentes cognitivos e comportamentais visando um desempenho competente em diferentes situações sociais. Considerando que a experiência em uma universidade geralmente coincide com o início da vida adulta, parece haver um aumento no número de situações sociais que exigem dos estudantes um nível elevado de autoeficácia. Assim, torna-se importante avaliar esta variável nesta etapa do desenvolvimento. Para isso, é imprescindível utilizar instrumentos de medida que possuam evidências de validade e fidedignidade adequadas. Baseado nessa premissa, o objetivo deste estudo foi investigar as propriedades psicométricas da Escala de Autoeficácia Social para Universitários Brasileiros (EAS-U-BR), versão adaptada de um instrumento argentino que contém 22 itens, divididos em cinco fatores: (1) autoeficácia para abordagem afetivo-sexual, (2) autoeficácia para o contexto acadêmico; (3) autoeficácia para conversação, (4) autoeficácia para oposição assertiva e (5) autoeficácia para expressão de sentimento positivo. Realizou-se uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC), método de estimação Máxima Verossimilhança, observando-se os índices & #967;2/gl, CFI, TLI e RMSEA; foram calculadas as confiabilidades compostas da escala; e foram analisadas evidências de validade convergente por meio de correlações com habilidades sociais, um construto semelhante. A amostra foi composta por 607 estudantes universitários, de diferentes cursos e das cinco regiões do Brasil. Os resultados da AFC indicaram um valor de & #967;2/gl=3,08; CFI=0,93; TLI=0,91; RMSEA=0,06. As confiabilidades compostas foram: F1=0,77; F2=0,65; F3=0,64; F4=0,61; F5=0,69; Escala Total=0,94. A correlação de Pearson entre o escore total da EAS-U-BR e o escore total do Inventário de Habilidades Sociais-Del Prette (IHS-Del Prette) foi de 0,62 (p < 0,001), além de diversas correlações significativas entre fatores dos dois instrumentos, variando entre 0,14 e 0,59. Conclui-se que a EAS-U-BR possui evidências de validade e fidedignidade para o contexto brasileiro, mantendo a mesma estrutura da versão original argentina.

Resumo Apresentador 3

Cuidar de um idoso torna-se cada vez mais comum, mas para muitos, a tarefa de cuidar de um idoso dependente pode gerar estresse e sobrecarga. Neste contexto, um repertório bem desenvolvido em habilidades sociais (HS) torna-se altamente relevante, pois por meio dele, é possível gerenciar de forma mais adequada as relações interpessoais, tendo como consequência menor percepção de sobrecarga e uma maior qualidade de vida. No entanto, os instrumentos conhecidos para avaliar as HS não consideram o contexto de cuidar de um idoso dependente e considerando a importância de avaliar programas de intervenção em cuidadores de idosos, é necessário desenvolver instrumentos específicos para esta população. O objetivo do presente estudo foi desenvolver um instrumento de habilidades sociais para cuidadores familiares de idosos e verificar suas evidências de validade. Para tanto, os 37 itens elaborados inicialmente foram submetidos ao crivo de cinco juízes especialistas em habilidades sociais e/ou psicometria. Após, permaneceram no instrumento 31 itens. Em seguida, a nova versão do instrumento, agora chamado de Inventário de Habilidades Sociais para Cuidadores de Idosos (IHS-CI) foi aplicada em 205 cuidadores de idosos familiares, em conjunto com instrumentos de qualidade de vida, qualidade da relação, conflitos, sobrecarga e depressão. Após a realização da análise fatorial exploratória, a melhor estrutura para o IHS-CI apresentou três fatores: Expressividade emocional ( & #945; = 0,87), Comunicação assertiva ( & #945; = 0,79) e Busca por formação/informação ( & #945; = 0,60). A confiabilidade interna global do instrumento ( & #945; = 0,89) foi excelente. O IHS-CI se mostrou positivamente correlacionado com qualidade de vida e qualidade da relação e negativamente com sobrecarga, depressão e conflitos. Ainda são necessários novos estudos em busca de novas evidências de validade, assim como a confirmação da estrutura do IHS-CI encontrada.

Resumo Apresentador 4

Pesquisas realizadas nas últimas décadas têm destacado a importância das habilidades socioemocionais como organização, garra, resiliência, capacidade de trabalhar em grupo, curiosidade e liderança, para o desenvolvimento e sucesso escolar, profissional e na vida pessoal, sendo denominadas habilidades do século 21 em função de sua importância para o alcance do sucesso na sociedade atual. Frente à estas constatações, pesquisadores ao redor do mundo tem reunido esforços para construir instrumentos capazes de acessar de forma válida e precisa as habilidades socioemocionais e, portanto, investigar as relações destas habilidades com outras variáveis. Contudo, grande parte destes instrumentos foram desenvolvidos com base em rating scale items, os quais são fortemente influenciados por vieses de respostas. Em linhas gerais, vieses de reposta podem ser definidos como tendência sistemática para responder a uma série de itens tendo como base algo diferente do conteúdo específico dos itens, tais como desejabilidade social, estilo de resposta aquiescente/desaquiescente (tendência em concordar/discordar com todos os itens da escala), estilo de resposta neutras (tendência em usar ponto médio da rating scale), entre outros. Tais vieses contrariam diretamente a suposição dos psicometristas de que o nível de traço latente alvo e o erro não sistemático são as únicas influências às respostas aos itens. Diante desta lacuna, pesquisadores passaram a desenvolver diferentes formato de instrumentos e modelos estatísticos a fim de eliminar a influência destes vieses. Nesta pesquisa são apresentados instrumentos desenvolvidos com base em itens de escolha forçada (Multidimensional forced-choice formats) para avaliação de habilidade socioemocionais como o TESSERA Non-cognitive Assessment System, e o instrumento brasileiro SENNA (Social and Emotionalor Non-cognitive Nationwide Assessment), além disso, é demonstrado como o Thurstonian IRT Models for Forced-Choice Questionnaires pode ser utilizado para estimação dos parâmetros dos itens e características dos respondentes e, portanto, superar as limitações até então atribuídas às medidas ipsativas.

Palavras-chave:
 Habilidades Socioemocionais, Avaliação Psicológica, Desenvolvimento Humano


Agência de fomento:
FAPESP/ CNPQ