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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 274-1

Mesa-Redonda


274-1

O PROCEDIMENTO DO DESENHO ESTÓRIA E SEUS DESDOBRAMENTOS NA PRÁTICA CLÍNICA COM ADOLESCENTES

Autores:
CAPELÃO, H.R.1, Damini, Eduardo1, Tse, Carolina1, Silva, Cristina2, Rinaldi, Helena2, Tardivo, Leila2, Banhos, Marlene2, Ferreira, Loraine2, Chaves, Gislaine2, Schoen, Teresa3, Ana Paula3, Cañete, Márcia3, Trevisan, Marta3, Marteleto, Marcia3
1 METODISTA - Universidade Metodista de São Paulo, 2 USP - Universidade de São Paulo, 3 UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, 4 USP - Universidade de São Paulo

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

A Mesa Redonda intitula-se “O procedimento do Desenho Estória e seus desdobramentos na prática clínica com adolescentes” e está inserida na área da Psicologia Clínica e na pesquisa científica. Tem como objetivo discutir a utilização do procedimento de Desenho Estória em suas mais diversas formas, reconhecendo sua importância, tanto no âmbito da pesquisa quanto na prática clínica com adolescentes e adultos, subsidiando análises mais profundas sobre a especificidade de cada situação. Assim, as pesquisas que compõem esta modalidade partem da mesma estratégia metodológica, ou seja, o Desenho Estória, para discutir sua utilização no âmbito da adolescência e da vida adulta. Contamos primeiramente com o trabalho “Avaliação da personalidade de pacientes com transtornos alimentares por meio do procedimento de desenhos-estórias (D-E): um estudo de caso” que tratará da aplicabilidade do Desenho Estória em um caso clínico de uma jovem adulta suicida e anorexia. A seguir, a pesquisa “Adolescentes e condutas de auto mutilação: aspectos psicodinâmicos e de depressão”, que pretende investigar o comportamento de auto mutilação em pré adolescentes escolares, buscando a compreensão psicodinâmica do caso. O terceiro estudo a compor a Mesa, “Procedimento Desenho-Estória: as cores na adolescência” investiga o uso de cores nas produções gráficas de adolescentes em prontuários de uma Clínica Escola. O quarto estudo “O procedimento do Desenho Estória com Tema e a fotografia na representação da identidade na adolescência” visou analisar a representação gráfica e fotográfica de uma adolescente em contexto escolar. A apresentação destes estudos pode contribuir com o enriquecimento da discussão sobre as estratégias clínicas pertinentes à formação e à pesquisa científica no âmbito da adolescência e da vida adulta.

Resumo Apresentador 1

A anorexia e a bulimia nervosas são um problema de saúde pública na atualidade, justificando a presente pesquisa. O objetivo foi investigar os traços de personalidade de uma paciente com anorexia nervosa, empregando o procedimento de Desenhos-Estória (D-E). A paciente é usuária do AMBULIM (Ambulatório de Bulimia, Anorexia e outros transtornos alimentares) do Hospital das Clínicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, local onde foi realizada a pesquisa. É estudante de Letras, tem 23 anos e passou por três internações, duas tentativas de suicídio, bem como comportamento de automutilação. Seus desenhos e estórias evidenciaram, além de ideias suicidas e intensos sentimentos de depressão, que também se sente incompreendida e solitária e que sente necessidade de maior contato social e afetivo. Mais do que isso, sente-se refém de algo que não consegue controlar, possivelmente sua agressividade e impulsos sádicos que, muitas vezes, volta para si mesma, levando-a a tais comportamentos e à doença. Com muita dificuldade de contato com as pessoas, ao mesmo tempo que busca ajuda, um novo recomeço, não quer ser mais como é, não consegue encontrar ou aceitar ajuda, teme ser destrutiva e sem capacidade de relacionar-se afetivamente. De certa forma, é como se esperasse superar suas dificuldades de modo mágico, ela própria não tendo condições de fazê-lo com suas próprias forças. O procedimento de D-E mostrou-se assim sensível e permitiu aprofundar na sua psicodinâmica de funcionamento, podendo identificar suas dificuldades emocionais; a partir disso, é possível sugerir os pontos nodais a serem trabalhados com ela. Estudos com mais casos, mais amplos e que permitam maior generalização podem contribuir na reflexão acerca de maneiras de intervenção de psicólogos no tratamento de pessoas que têm transtornos alimentares a fim de que sejam mais efetivos e eficazes no tratamento dos doentes.

Resumo Apresentador 2

O presente trabalho discute o comportamento de automutilação em pre e adolescentes, e os aspectos psicodinâmicos. Esse fenômeno vêm tendo um aumento considerável na população escolar. Verifica-se na literatura na área poucos estudos com instrumentos psicológicos que estudem a situação em nosso meio, em especial em pré adolescentes E adolescentes mais jovens (a partir de 10 anos de idade) e avaliação dessa experiência na saúde mental das vítimas. Dessa forma, o presente projeto de pesquisa é proposto, com o objetivo de estudar esse comportamento em adolescentes. Serão apresentados dados de 5 participantes, seguindo a metodologia de estudos de caso múltiplos. Adolescentes entre 12 e 14 anos de idade, sendo 3 meninas e 2 meninos. Foram feitas entrevistas e empregados o Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) e o Questionário de Depressão Infantil (CDI) . O D-E foi avaliado seguindo o referencial de Tardivo. Os resultados indicam revelam traços de insegurança e inadequação, bem como sentimentos de menos valia, demonstrando necessidade do paciente de proteção e auxílio, de ser cuidado, compreendido. Nas unidades de produção, há figuras negativas, que brigam, o esquecem, desprezam, também estão presentes figuras que ajudam, reforçando a necessidade de proteção e auxílio. Os sentimentos encontrados nessas unidades foram os derivados do conflito entre os instintos de vida e de morte, como sentimentos de desproteção, tristeza, solidão. Também se evidenciam impulsos destrutivos e amorosos – evidenciando-se aspectos depressivos. O D-E revela também histórias pessoais ou que se referem a episódios de auto-mutilação e severos conflitos familiares trazendo sentimentos tristeza, raiva, incômodo. No CDI todos os participantes apresentaram pontuações que evidenciam sintomas depressivos. Estão também presentes sinais de esperança e pedido de ajuda. Conclui-se pelas severas dificuldades desses adolescentes nas relações significativas no relato e na produção; e a necessidade desenvolvimento de propostas preventivas e interventivas

Resumo Apresentador 3

Um método de investigação clínica da personalidade é a análise de produções gráficas a partir de um estímulo, no caso do Procedimento Desenho-Estória, é solicitado ao indivíduo que faça desenhos e conte estórias. Entretanto, precisamos conhecer como se dá o processo expressivo-motor na adolescência, para que não incorramos em erros de interpretação, confundindo o desenvolvimento típico com algum sinal de patologia. As cores fazem parte da vida do indivíduo como estímulos naturais em todas as culturas e têm participado de manifestações artísticas e religiosas, com atribuições simbólicas comuns, com algumas variações culturais. Objetivo: verificar a presença de cores nas produções gráficas do PD-E em adolescentes que passaram em avaliação psicológica. Método: Realizou-se uma busca ativa em prontuários de pacientes de um serviço-escola, totalizando 136 PD-E de adolescentes com idades de 10 a 18 anos, sendo 85 (62,5%) do sexo masculino. Cada unidade de produção gráfica foi analisada, constando-se se somente foi utilizado o lápis grafite ou se houve a presença de algum lápis de cor no traçado. Resultados: Nem todos os adolescentes produziram todos os cinco desenhos solicitados pela técnica (1ª unidade de produção: 136; 2ª: 136; 3ª: 129; 4ª: 119; 5ª: 112). Houve a presença de alguma cor em 51,47% na primeira unidade gráfica; 46,32% na segunda; 44,96% na terceira; 42,01% na quarta; e 34,82% na quinta, sendo que 22,05% dos adolescentes usaram alguma cor em todas as suas produções enquanto que 28,57% somente utilizaram o lápis grafite em todos os desenhos. Em 52,20% das produções realizadas pelas meninas havia alguma cor, ao passo que 61,83% das produções realizadas pelos meninos foi utilizado somente o lápis grafite. Conclusão: A utilização de lápis de por adolescentes que passam em avaliação psicológica diminui de acordo com a unidade gráfica do D-E. Meninos utilizam menos o lápis de cor que as meninas.

Resumo Apresentador 4

A adolescência, fase decisiva no desenvolvimento, é caracterizada como uma transição para a vida adulta. As mudanças físicas que marcam a puberdade implicam em transformações na maneira como percebe a si mesmo desencadeando a necessidade de uma reorganização interna envolvendo diretamente a vida afetiva emocional e a convivência social. Este estudo teve como objetivo analisar aspectos subjacentes na representação simbólica da identidade de uma adolescente, a partir de sua própria produção gráfica e fotográfica. Trata-se de um estudo de caso de uma adolescente com 16 anos de idade, estudante da 6ª série do ensino fundamental em uma escola pública na região periférica do Grande ABC-SP. Utilizou-se a entrevista do tipo semidiretiva, o procedimento do Desenho Estória com Tema (DE-T) sob a consigna “Desenhe uma adolescente que reside neste bairro e estude nesta escola”, além da produção livre de uma fotografia com respectivo relato sobre algo com o qual se identifique. Os dados foram analisados qualitativamente em uma perspectiva psicanalítica articulando-se aspectos gráficos e temáticos. Os resultados indicaram uma produção gráfica primitiva, complementados por narrativas com sinais de resistência, com personagens não humanos, projetados sem perspectivas, sem direção e desvinculados de relações sociais. No entanto, a fotografia, mesmo apresentando signos de violência, simbolizou suas necessidades de segurança, suporte e direcionamento. Os elementos simbólicos da violência mostraram-se estruturantes, ainda que precariamente, na construção da identidade, à partir de sua subjetividade. As análises apontaram que a construção da identidade dessa adolescente se mostra atravessada pelos diferentes espaços sociais com os quais convive cotidianamente. Embora não tenha sido objetivo do estudo, verificou-se que a produção gráfica, já reconhecida como procedimento clínico foi, neste caso, enriquecida pelas produções fotográficas, se constituindo como um recurso complementar indicando associações similares entre os elementos que integraram as análises.

Palavras-chave:
 Desenho-Estória, Adolescentes, Avaliação Psicológica