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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 364-1

Mesa-Redonda


364-1

Inteligência emocional: Pesquisas com novos métodos de avaliação

Autores:
KOICH, F.1, Ana Carolina Zuanazzi2, Anna Elisa Villemor-Amaral2, Luciano Giromini3, José Maurício Haas Bueno4, Fernanda Maria Lira Correia4, Fernanda Paula Santos Castro4
1 UEL - Universidade Estadual de Londrina, 2 USF - Universidade São Francisco, 3 UNITO - Università degli Studi di Torino, 4 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

A inteligência emocional é um construto que engloba diversas capacidades: perceber as emoções em si mesmo e nos outros, compreender como essas emoções se mesclam e transitam ao longo do tempo, e gerenciar ou regular as emoções em si mesmo e nos outros de maneira a obter uma melhor interação social. A presente mesa redonda pretende apresentar pesquisas realizadas com instrumentos destinados a avaliar diversos aspectos da inteligência emocional. A primeira apresentação mostrará os resultados de um teste informatizado destinado a avaliar percepção de emoções por meio de vídeos de pessoas. Além de dar suporte à teoria de inteligência emocional, atualmente está em estudo a versão adaptativa do teste. A segunda apresentação pretende mostrar que aspectos de inteligência emocional podem ser identificados em instrumentos que não foram originalmente desenvolvidos com base nessa teoria. As técnicas projetivas frequentemente avaliam a capacidade de regular emoções. A terceira apresentação mostrará os resultados de estudos com escalas de autorrelato de regulação emocional e grupos critério. Foram estudados pacientes com transtornos de ansiedade e com fibromialgia. Além disso, medidas psicofisiológicas foram obtidas e relacionadas com a regulação emocional. A quarta apresentação mostrará os resultados de um instrumento de autorrelato destinado a avaliar diversas competências emocionais. Os resultados mostram uma maior complexidade das capacidades da inteligência emocional.

Resumo Apresentador 1

A percepção emocional é a primeira das quatro áreas de inteligência emocional. O Teste Informatizado de Percepção Emocional Primária (PEP) é um instrumento brasileiro desenvolvido para medir especificamente essa capacidade. Ele exibe 35 vídeos curtos de pessoas expressando emoções simples e complexas, e o participante deve informar quais emoções estão presentes. Vários estudos foram conduzidos com PEP para investigar sua validade. O PEP se correlacionou significativamente com tarefas de raciocínio verbal (n=827; r=0,23) e abstratas (n=844; r=0,24), com uma tarefa de percepção emocional em fotos dos olhos (n=661; r=0,45), e com o método de tinta de Rorschach (n=144), especificamente com relação ao interesse em humanos (r=0,30), ideação de movimento humano (r=0,30) e controle cognitivo de emoções (r=0,25). O PEP não se correlacionou significativamente com medidas de autorrelato de traços de personalidade (n=1122). Um reteste de 7 meses (n=36) mostrou uma correlação significativa de 0,87. Os resultados sugerem que a percepção emocional medida pelo PEP está relacionada a outras medidas cognitivas, mas não igual a elas, está associada a melhor compreensão das pessoas e controle emocional e diverge das medidas de autorrelato de personalidade, corroborando estudos no campo da inteligência emocional. Por fim, a apresentação mostrará os resultados preliminares de uma versão adaptativa do PEP, criada a partir de um banco de 232 vídeos. Esta versão tem mostrado os mesmos indicadores psicométricos e correlações que a versão original, porém utilizando uma média de apenas 13 itens para avaliar a percepção emocional.

Resumo Apresentador 2

As técnicas projetivas (ou medidas de personalidade por desempenho) avaliam diferentes aspectos psicológicos, sendo que por vezes seus construtos de assemelham. Um dos aspectos avaliados no teste das manchas de tinta de Zulliger é a regulação cognitiva das emoções, ou seja, a capacidade de adequadamente integrar raciocínio ao controle emocional, representada pela fórmula (FC-CF-C)/R. No teste das Pirâmides Coloridas de Pfister também é possível encontrar indicadores relacionados ao gerenciamento emocional. A presente pesquisa teve como objetivo estudar quais variáveis de outro teste de personalidade – as Pirâmides Coloridas de Pfister – seriam preditoras da fórmula no Zulliger. Participaram 98 pessoas que responderam aos dois testes, sendo que 56 (57,1%) eram do sexo feminino. A faixa etária se situou entre 18 e 35 anos de idade. Todos os participantes eram estudantes de graduação (de diversos cursos) ou haviam concluído o ensino médio. Foi realizada análise de regressão, cujo resultado demonstrou que menor frequência de Tapetes Puros e Tapetes Furados estão associados com a fórmula de controle emocional. Os resultados são coerentes, uma vez os tapetes são frequentemente associados a problemas no pensamento.

Resumo Apresentador 3

O construto da regulação emocional (RE) tem recebido atenção crescente nos últimos anos. Considera-se que numerosas condições clínicas se caracterizam por déficits na RE e dados emergentes sugerem que a RE também é importante para o bem-estar e a saúde. O presente estudo teve como objetivo comparar dois métodos amplamente utilizados para medir RE, ou seja, dados de autorrelato e informações psicofisiológicas. Mais especificamente, duas amostras clínicas (i.e., uma amostra de doentes com transtornos de ansiedade e uma amostra de doentes com fibromialgia) e dois grupos de controle contribuíram para este estudo. Todos os participantes preencheram as Escalas de Dificuldades na Regulação de Emoções (DERS), e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi medida durante 10 minutos de repouso sentados. A análise de dados centrou-se na comparação entre os grupos clínicos e não clínicos tanto nas pontuações da DERS quanto nos valores de VFC, e na relação entre as fontes de informação de autorrelato (DERS) e psicofisiologicamente obtidas (HRV). As implicações para a pesquisa em avaliação psicológica serão discutidas.

Resumo Apresentador 4

A inteligência emocional (IE) resulta da integração entre quatro habilidades: percepção de emoções, utilização da emoção para facilitação do pensamento, compreensão de emoções e regulação de emoções. Este estudo investigou as propriedades psicométricas do Inventário de Competências Emocionais (ICE-R), um instrumento de autorrelato construído para avaliação dessas quatro habilidades. A amostra foi composta por 1021 participantes adultos, predominantemente mulheres (71,9%), com média de 26,9 anos. Uma análise fatorial exploratória (AFE), por fatoração dos eixos principais e rotação oblimin, resultou em cinco fatores: regulação de emoções em outras pessoas, regulação de emoções de baixa potência em si mesmo, regulação de emoções de alta potência em si mesmo, expressividade emocional e percepção de emoções. Os coeficientes alfa de Cronbach variaram de 0,694 a 0,866, podendo ser considerados satisfatórios. A validade discriminante em relação a traços de personalidade foi investigada em uma parcela da amostra total (n=85), que também foi submetida à Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Uma AFE aplicada sobre as pontuações da BFP e do ICE-R resultou em seis fatores, cinco dos quais relacionados aos cinco grandes fatores de personalidade e um parcialmente relacionado às competências emocionais. As relações entre as competências emocionais e qualidade de vida foram investigadas em dois grupos de participantes: pacientes renais (n=56) e grupo controle (n=85). Houve muitas correlações entre os fatores, mas com padrões bastante distintos entre os grupos. Assim, este estudo revela nuances não captadas anteriormente por instrumentos de desempenho (como a regulação de emoções de alta de baixa potência e a expressividade emocional), identifica alguns aspectos que se sobrepõem e outros que não se sobrepõem aos traços de personalidade e sugere que a manutenção da qualidade de vida em situações adversas depende de um conjunto mais variado de competências emocionais do que quando a vida segue seu curso normal.

Palavras-chave:
 inteligência emocional, percepção emocional, regulação emocional


Agência de fomento:
CNPq, Fundação Araucária