Imprimir Resumo


8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 601-1

Mesa-Redonda


601-1

Criança e família: “verdades” e “mentiras” na avaliação psicológica

Autores:
VAZ-GONÇALVES, C.1,3, ALMEIDA-PRADO, C.A.P2,2, Santos, N.2,2, FERNANDES, D.R.T.3
1 PUC RIO - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2 UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 3 UVA-RJ - Universidade Veiga de Almeida

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

INTRODUÇÃO As demandas pela constatação da “verdade” na avaliação psicológica se mostram bastante comuns, mas não distanciadas de dificuldades técnicas e éticas. Frequentemente o psicólogo é confrontado com expectativas e pressões da família ou do Judiciário para que a avaliação psicológica ateste determinadas condições localizadas na criança sem que seja considerada a rede familiar. Trata-se de dificuldades inerentes ao trabalho do psicólogo que demandam delicadeza e cuidado no manejo, uma vez que o binômio verdade x mentira não representa a complexidade das questões inerentes à subjetividade da criança em suas relações com a família. OBJETIVOS Esta mesa tem como objetivo discutir as dificuldades e os impasses relativos à verdade durante a avaliação psicológica de crianças e apresentar propostas de intervenção. METODOLOGIA A fim de ilustrar nossas considerações serão apresentadas vinhetas de avaliações psicológicas de crianças envolvendo as demandas da família e do Judiciário. RESULTADOS Constata-se que a avaliação psicológica de crianças é uma tarefa complexa e exige do psicólogo rigor técnico e ético, mas também sensibilidade para manejar situações de tensões e expectativas relacionadas à descoberta ou endosso de certas verdades. Contudo, a busca pela “verdade” posta como demanda ao psicólogo pode obliterar a emergência de verdades relacionadas às dificuldades de todo o grupo familiar. CONCLUSÃO O trabalho avaliativo com crianças envolve muitas demandas relativas à constatação da verdade que nem sempre correspondem às demandas infantis. Mostra-se, amiúde, permeado por questões da família, particularmente dos pais, que nem sempre são reconhecidas. Esses impasses apresentam-se como desafio ao psicólogo e exigem um trabalho de sensibilização junto às famílias para as suas próprias questões. Caso esse trabalho não seja realizado, as palavras do psicólogo acabam sendo experimentadas como falsas ou equivocadas.

Resumo Apresentador 1

AS QUEIXAS DA FAMÍLIA COMO DEMANDA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA CRIANÇA: INTERVENÇÕES Cidiane Vaz Gonçalves Pontifícia Universidade Católica do Rio Universidade Veiga de Almeida INTRODUÇÃO A avaliação psicológica de crianças mostra-se bastante marcada pelas queixas dos pais que, curiosamente, podem não ser reconhecidas por eles como suas, sendo localizadas exclusivamente no filho. Das demandas de diagnósticos até as certas percepções dos pais, observam-se impasses e dificuldades no manejo do processo avaliativo e da devolução de resultados uma vez que não se trata apenas de assinalar o que a criança não tem, mas de oferecer uma compreensão a todos os envolvidos da dinâmica familiar. Nesse sentido, como, no processo avaliativo, abrir espaço para as verdades subjetivas que emergem sem que estas, defensivamente, sejam tomadas como mentiras? OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância de se escutar as famílias durante o processo avaliativo de crianças, evidenciando os impasses na condução, os desafios na devolução e propondo modos de intervenção. METODOLOGIA Para ilustrar as considerações serão apresentadas algumas vinhetas clínicas com ênfase nas queixas parentais. Os casos apresentados são oriundos de atendimentos em clínica-escola de uma cidade do estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS No contexto da avaliação psicológica de crianças evidencia-se a importância de se considerar os conflitos, angústias e defesas parentais não reconhecidos como elemento prioritário na constituição das demandas de avaliação psicológica infantil. Nessas situações, as intervenções envolvem o fortalecimento do vínculo com os pais visando sensibilizá-los para as próprias questões e favorecer a devolutiva. CONCLUSÕES Durante a avaliação psicológica de crianças as queixas da família, não reconhecidas, acabam por transformar-se em demandas de avaliação de crianças que podem ser vistas pelos genitores ou responsáveis como problemáticas. Nesse contexto, destaca-se a importância de uma escuta voltada para família, tendo em vista a condução da avaliação da criança e o manejo junto aos pais de modo que possam ser sensibilizados a uma busca por assistência para suas próprias questões.

Resumo Apresentador 2

A CRIANÇA, A REDE FAMILIAR E A VERDADE EM AVALIAÇÃO JUDICIAL Dra. Maria do Carmo Cintra de Almeida Prado Psicóloga Natasha da Silva Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) INTRODUÇÃO Por parte do Judiciário, em situações de litígio envolvendo pais separados, é comum que seja(m) apenas a(s) criança(s) encaminhada(s) para avaliação psicológica, parecendo inconcebível a necessidade de os adultos envolvidos serem também avaliados. Restringe-se assim uma visão mais ampla dos fatores em interação, que compõem com a situação total. Muitos interesses pessoais e ressentimentos acumulados podem estar envolvidos em situações de litígio e a criança vê-se enredada neles. Dão-se divergências nos relatos dos fatos e o examinador pode ter dificuldade em discernir onde estaria a “verdade”, sobretudo ao levar em conta o interesse maior da criança. OBJETIVO Tem-se como objetivo tratar de impasses relativos à verdade na avaliação psicológica solicitada pelo Judiciário de criança supostamente exposta a situações abusivas, com seus pais em litígio. METODOLOGIA A partir das avaliações judiciais envolvendo um menino de 7 anos e seus pais, serão discutidos impasses quanto à distinção da “verdade” e da “mentira” em avaliação psicológica implicando possíveis situações de abuso, impasses estes acrescidos das considerações quanto à realidade psíquica dos sujeitos implicados e do fato de a criança amar cada um de seus genitores. RESULTADOS A devolução dos resultados aos envolvidos produziu desdobramentos interessantes, com a criança apresentando-se plenamente lúcida quanto a sua situação e totalmente envolvida no processo terapêutico que veio a desdobrar-se. Serão feitas referências às expectativas mobilizadas nos pais quanto aos desfechos da avaliação psicológica, expectativas secretas que vieram à tona e acarretaram consequências indesejáveis no momento em que não foram correspondidas. CONCLUSÃO O psiquismo do examinador pode ser posto rudemente à prova, bombardeado por pressões e informações contraditórias. A intensidade emocional sendo grande acaba por gerar confusão, desorientação e aflição. A verdade não é um conceito banal e se contrapõe a outros, como intenção, crença, desejo, todos envolvidos no processo de pensar.

Resumo Apresentador 3

A VIOLÊNCIA DA CRIANÇA COMO RESPOSTA À DINÂMICA FAMILIAR E OS IMPASSES PARA O PSICODIAGNÓSTICO Denise Ramos Tavares Fernandes Universidade Veiga de Almeida (UVA) INTRODUÇÃO A família, base para a construção subjetiva, é um espaço psíquico partilhado, marcado pela transmissão, que, contudo, pode ser traumática. Em resposta ao fator traumático e ao adoecimento familiar a criança pode apresentar sentimentos conturbados e comportamentos pouco adaptados. Não raras vezes, pode ser tomada como uma criança-problema sem que a verdade de seu sofrimento e de suas comunicações seja considerada. Diante dos impasses que emergem no trabalho avaliativo com crianças marcadas por dinâmicas familiares violentas e/ou agressivas é fundamental refletir sobre o papel da família. OBJETIVO O presente trabalho objetiva apresentar reflexões acerca dos casos nos quais a queixa central envolve a agressividade infantil. Propõe-se discutir a importância da avaliação da dinâmica familiar e a apontar as contribuições do psicodiagnóstico nesse contexto. MÉTODO Para ilustrar nossas considerações serão apresentadas duas situações de psicodiagnóstico com crianças, nas quais a agressividade surgiu como motivo central da avaliação e, ao mesmo tempo, evidenciou dinâmicas familiares adoecidas. RESULTADOS Na avaliação de crianças cujos motivos das consultas foram alicerçados em queixas de comportamentos agressivos e violentos, as entrevistas com a família foram fundamentais para a compreensão do caso. Nessas famílias observaram-se violências e inadequações, relações marcadas por dinâmicas incestuosas, perpetuadas por alianças e pactos de silêncio. CONCLUSÕES O Psicodiagnóstico, por sua escuta eminentemente clínica, favorece a compreensão de aspectos pouco perceptíveis do sujeito. A contextualização sugerida nesta proposta favorece o contato com a história clínica, pessoal e familiar do sujeito avaliado. Em avaliações com crianças, o frequente contato com a família ainda pode evidenciar aspectos da dinâmica familiar na qual o infante se insere. E isso, não raras vezes, faz notar características que poderiam passar despercebidas em outras esferas de atuação do psicólogo. Desta forma, o psicodiagnóstico pode beneficiar o planejamento de intervenções que favoreçam efetivamente a criança, em sua verdadeira demanda.

Resumo Apresentador 4



Palavras-chave:
 crianças, família, judiciário