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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 632-1

Mesa-Redonda


632-1

EXPERIÊNCIAS DE SUPERVISÃO EM PSICODIAGNÓSTICO

Autores:
Liége Barbieri Silveira2,1, Bruna Gomes Mônego3,1, Mônia Aparecida da Silva1, Denise Balem Yates1
1 UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2 IFRS - CÂMPUS CANOAS - Intituto Federal do Rio Grande do Sul - Câmpus Canoas, 3 FACOS - Faculdade Cenecista de Osório

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

EXPERIÊNCIAS DE SUPERVISÃO EM PSICODIAGNÓSTICO Denise Balem Yates Universidade Federal do Rio Grande do Sul A supervisão em avaliação psicológica clínica ou psicodiagnóstico é um elemento essencial para a formação do profissional especialista na área. Embora seja uma prática tradicional nos cursos de graduação em psicologia e nas especializações em avaliação psicológica, não possui um referencial teórico aprofundado e diretrizes norteadoras específicas. Alguns modelos teóricos existentes sobre supervisão emprestam conceitos da prática de intervenção clínica ou de supervisão em psicoterapia. Entende-se que embora compartilhem algumas características, a supervisão é uma ferramenta bastante distinta da psicoterapia, e dentro do contexto do psicodiagnóstico, possui especificidades ainda mais delimitadas. Como forma de promover a visibilidade de algumas dessas práticas, a presente mesa redonda traz as experiências de supervisores de práticas de avaliação em serviços-escola de psicologia. Para ofertar um panorama diversificado deste contexto, serão apresentadas falas sobre a supervisão em avaliação psicológica dos aspectos afetivos e emocionais; dos aspectos cognitivos e neuropsicológicos; de aspectos específicos da prática de supervisão em serviços escola e sobre técnicas de supervisão coletiva e construção conjunta de materiais para avaliação. A mesa visa apresentar exemplos de processos de supervisão para fomentar a reflexão sobre essas práticas.

Resumo Apresentador 1

SUPERVISÃO DE ASPECTOS AFETIVOS E EMOCIONAIS EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Liége Barbieri Silveira Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Canoas Universidade Federal do Rio Grande do Sul No campo da psicologia, a compreensão e o manejo de aspectos de ordem afetiva e emocional são diretrizes centrais no trabalho. Da mesma forma, no processo de avaliação psicológica clínica, independente da demanda principal, o sujeito sempre apresentará questões emocionais subjacentes, as quais provavelmente terão interferência direta ou indireta na queixa. É comum, por exemplo, uma avaliação por problemas de aprendizagem ter como pano de fundo um funcionamento emocional mal adaptativo, ao invés de um prejuízo essencialmente cognitivo. Para esse tipo de avaliação é fundamental um raciocínio clínico bem embasado, e que vai para além da interpretação do resultado dos testes ou da constatação da presença de sintomas. O estagiário que trabalha com avaliação psicológica, pelo fato de ainda estar em formação, muitas vezes demonstra dificuldade em ter esse olhar mais amplo, e por isso torna-se importante a orientação por um supervisor experiente. O objetivo do presente trabalho é relatar experiências de supervisão em avaliação psicológica, especialmente em casos em que aspectos afetivos foram centrais na compreensão da queixa. A prática de supervisão foi desenvolvida em serviços escola especializados em avaliação psicológica em duas instituições de ensino superior. Serão abordadas as principais dificuldades encontradas pelos estagiários para a adequada utilização e interpretação dos testes projetivos e para a extração de dados qualitativos relevantes obtidos por técnicas não estruturadas e pela observação do comportamento não verbal. Ainda, será discutido o trabalho de supervisão envolvendo os desafios na percepção de que os problemas afetivos, por sua natureza mais subjetiva e por não serem medidos por meio de escores, acabam frequentemente sendo negligenciados ou menos enfatizados do que explicações de ordem cognitiva ou orgânica. Portanto, entende-se que é papel fundamental do supervisor estimular o estagiário na compreensão de aspectos do funcionamento psíquico subjacentes à queixa.

Resumo Apresentador 2

SUPERVISÃO DE ASPECTOS COGNITIVOS E NEUROPSICOLÓGICOS EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Bruna Gomes Mônego Faculdade Cenecista de Osório (FACOS) Universidade Federal do Rio Grande do Sul A prática supervisionada é essencial para a formação do psicólogo. Durante o estágio, o aluno levará a teoria aprendida para o mundo real da profissão, tendo a segurança de uma orientação efetiva. Com a crescente demanda de avaliação de aspectos cognitivos e neuropsicológicos, cresce também o interesse pessoal do aluno ou do profissional iniciante nessa prática. O objetivo do presente trabalho é apresentar dificuldades comuns do supervisionado e do supervisor em Avaliação Psicológica, especialmente em casos de avaliação cognitiva e neuropsicológica. Em geral, alunos ou profissionais inexperientes na área de Avaliação Psicológica encontram dificuldades para apurar de forma clara o motivo do encaminhamento e planificar o processo de investigação. Também é árdua a tarefa de estabelecer um vínculo de confiança e colaboração com o paciente, ao mesmo tempo que o avaliador iniciante precisa aprender a coletar dados de forma ágil, administrar uma série de testes que necessitam de sua atenção para manuseá-los, controlar o tempo das tarefas, corrigir o desempenho do paciente quando isso estiver previsto nas normas do teste, entre outras ações. Durante o processo, os supervisionados também se deparam com o desafio de interpretar os resultados obtidos de forma qualitativa e integrada. O trabalho do supervisor requer a capacidade de prover apoio e encorajamento às experimentações do aluno, enquanto o auxilia a criar hipóteses, planejar formas de testar tais hipóteses, avaliar se foram confirmadas ou não para, então, reestruturar os próximos passos. Um fator a ser considerado quanto ao trabalho do supervisor é a eventual carência de conhecimentos básicos por parte do aluno. Esses casos demandam mais tempo do profissional, o que acaba sendo, por vezes, um empecilho já que o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo preconiza apenas quatro horas-aula de supervisão para grupos de até dez alunos. Faz-se fundamental que o supervisionado dedique-se ainda mais ao seu processo de aprendizagem nessas situações.

Resumo Apresentador 3

SUPERVISÃO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: ASPECTOS ESPECÍFICOS DA PRÁTICA EM UM SERVIÇO-ESCOLA Mônia Aparecida da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul A avaliação psicológica é uma especialidade da multiplicidade. A atuação na área exige que o psicólogo domine diferentes conhecimentos, tanto da psicologia, como de outras áreas. Os estudantes de graduação em Psicologia e profissionais sem experiência, muitas vezes, ainda estão adquirindo estes conhecimentos e podem ter dificuldades na condução da avaliação psicológica. Por isso, a atuação de um supervisor mais experiente é amplamente recomendada, e até essencial, para a qualidade do processo. O objetivo do presente trabalho é abordar aspectos relevantes da prática de supervisão em um serviço-escola de Porto Alegre. Será abordada a figura do supervisor como mediador para o desenvolvimento de competências e habilidades do supervisionando, visando a crescente autonomia. Serão apresentados alguns requisitos considerados necessários para ser supervisor, atributos desejáveis à dupla supervisor-supervisionando, dúvidas e sentimentos que comumente ocorrem na situação de supervisão e orientação dos supervisionados sobre estudos de temas importantes. Serão discutidos alguns exemplos de supervisão de casos de suspeita de Transtorno do Espectro Autista (TEA), abordando aspectos confundidores do diagnóstico, dificuldades referentes ao manejo clínico do paciente e estratégias desenvolvidas, questões sobre a escolha dos instrumentos, orientação do supervisionando para a elaboração dos documentos e entrevista de devolução dos resultados. Na perspectiva adotada neste trabalho, entende-se o supervisor como um profissional capacitado a fornecer informações, problematizar a atuação do supervisionado, incentivar o seu aprendizado crítico e levá-lo a desenvolver a autonomia para a atuação futura.

Resumo Apresentador 4

SUPERVISÃO COLETIVA E CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS PARA AVALIAÇÃO Denise Balem Yates Universidade Federal do Rio Grande do Sul A supervisão em avaliação psicológica tradicionalmente é mais associada à supervisão individual de casos, na qual o supervisor revisa e orienta as etapas do processo psicodiagnóstico. Esta atividade é frequentemente relacionada ao ensino de levantamento e interpretação de instrumentos e correção de documentos (especialmente laudos psicológicos) produzidos em avaliação psicológica. Embora esta parte da supervisão seja essencial, a supervisão coletiva de psicodiagnósticos mostra-se como uma ferramenta auxiliar interessante para a ampliação de visões sobre o mesmo caso, bem como potencializa a aprendizagem, através da escuta e discussão de vários casos em grupo. A presente apresentação tem como objetivo descrever o processo de supervisão coletiva em um serviço-escola especializado em avaliações psicológicas, destacando suas vantagens e desafios. Ressalta-se que a experiência permitiu a elaboração de entrevistas de triagem e anamnese adequadas ao público do serviço, assim como um questionário de avaliação de funcionalidade para crianças e adaptação de um roteiro de hora de jogo. Outros materiais produzidos pelo grupo de supervisão foram tabelas e fichas de consulta sobre instrumentos psicológicos e tarefas neuropsicológicas, assim como planilhas de locais de encaminhamento para pacientes. Este tipo de atividade exige um engajamento dos participantes para além do momento de supervisão, mas contribui imensamente para a formação dos supervisionandos e para a produção de conhecimento em avaliação psicológica.

Palavras-chave:
 supervisão, psicodiagnóstico, avaliação psicológica