Imprimir Resumo


8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 668-2

Mesa-Redonda


668-2

PESQUISAS EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

Autores:
C.F.1, Carlos Rodrigues3,1, Lucas Matsunaga1, Andersson Pereira dos Santos 2, Lara Barbosa1, Lucas Carvalho 1, Isângelo Senna da Costa1,4, Fabio Iglesias 1, Ana Clara Pereira de Queiroz1, Claudia Regina Corrêa3
1 UNB - Universidade de Brasília, 2 PF - Polícia Federal, 3 UCB - Universidade Católica de Brasília, 4 PMDF - Polícia Militar do Distrito Federal

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Pesquisas no campo da avaliação psicológica, nos contextos da segurança pública e privada, tem voltado atenção para necessidade de estudos que contribuam para o aprimoramento dos processos de avaliação. Polícias em todo o mundo enfrentam o desafio de aprimorar suas práticas de trabalho. Em alguns campos, a avaliação psicológica tem ganhado escopo na contribuição sobre a compreensão de aspectos vinculados a perfis não apenas de profissionais de segurança, mas de criminosos. Assim, o primeiro trabalho busca contribuir para ampliar o escopo do entendimento, dentro da avaliação psicológica, sobre perfis criminais, possibilitando ao profissional dessa área uma identificação complementar aos resultados de testes e avaliações. No contexto de concursos públicos, muitos têm sido os desafios que perpassam pela ausência de estudos de evidências de validade dos processos, qualidade dos instrumentos aplicados, desafios de decisões judiciais e a qualidade na identificação no perfil do policial. Neste sentido, um dos trabalhos se propõe a apresentar um estudo profissiográfico de um cargo na área de segurança pública, por meio de uma abordagem multimétodo. Outro trabalho tem por objetivo descrever as barreiras legais e jurisprudenciais aplicadas à avaliação psicológica em concurso público e as suas consequências, discutindo implicações reais ao processo que vem sendo realizado no Brasil. Em seguida, o último trabalho discute a prática da avaliação psicossocial para bombeiros civis, a partir de um levantamento realizado em seleções públicas realizadas nos últimos 10 anos. Neste estudo, são analisadas as aplicações das NRs vinculadas a trabalhos em espaços confinados e em altura, que têm apresentado demanda crescente aos profissionais da área de avaliação.

Resumo Apresentador 1

PADRÕES CRIMINAIS: FATORES DE RISCO E CARACTERÍSTICAS RELEVANTES NO CONTEXTO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Lucas Heiki Matsunaga; Isângelo Senna da Costa; Fabio Iglesias; Ana Clara Pereira de Queiroz (Universidade de Brasília) Resumo: O uso de perfis criminais tem sido utilizado em vários contextos da psicologia e da segurança pública, a fim de fomentar medidas para prevenção e investigação criminal. Criado pelo Federal Bureau of Investigation, essa técnica busca identificar traços e aspectos da personalidade, além de padrões comportamentais relacionadas à um ou uma série de crimes cometidos por um determinado indivíduo. Atualmente a Psicologia Investigativa demonstra-se como um campo empírico para a identificação de crimes violentos, sendo uma abordagem científica, que busca fornecer evidências sobre a consistência entre a natureza de determinados crimes e as características exibidas pelo criminoso em outras situações. A Psicologia Social e a Psicologia Ambiental, também demonstra-se campos com ampla produção científica sobre comportamentos normativos e relacionados ao aprendizado e reformulação de valores morais. Tais campos ressaltam a importância de se reconhecer os criminosos, em geral, como um grupo heterogêneo, que distinguem-se em fatores de riscos específicos. O uso da produção científica nessas áreas, dentro da Avaliação Psicológica, pode-se provar para identificação de situações de risco e características impeditivas em seleções, além de contribuir para avaliações críticas à psicodiagnósticos e exames criminológicos. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre as principais características elencadas para cada tipologia criminal em ordem comportamental, além de fatores de riscos comumente encontrados para cada uma delas dentro do escopo da literatura científica sobre Padrões Criminais e Psicologia Investigativa. Como resultados, serão elencadas características da personalidade e do comportamento específicas das seguintes tipologias criminais: Assassinatos em Série, Assassinatos em Massa, Incendiários e Crimes Situacionais. O trabalho busca contribuir para ampliar o escopo do entendimento, dentro da avaliação psicológica, sobre perfis criminais, possibilitando ao profissional dessa área uma identificação complementar aos resultados de testes e avaliações.

Resumo Apresentador 2

PERFIL PROFISSIOGRÁFICO NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA: UM ESTUDO MULTIMÉTODO Cristiane Faiad; Lara Barbosa; Lucas Carvalho (Universidade de Brasília) Resumo: A análise profissiográfica ou estudo científico do cargo refere-se uma metodologia de análise sistemática de todo o processo de trabalho de determinado cargo. Analisa-se a missão, as tarefas executadas no contexto do trabalho, os requisitos psicológicos, os fatores facilitadores e dificultadores do trabalho e, ainda, os fatores restritivos que impedem o exercício do cargo. Tal análise se difere de outras propostas, por avaliar a população do cargo ou uma amostra representativa do mesmo. Como produto, tem-se um documento orientador de avaliações psicológicas em diferentes contextos, referendando a escolha de técnicas de avaliação, bem como critérios que devem ser aplicados em processos seletivos, por exemplo. O presente estudo tem como objetivo apresentar um estudo profissiográfico de um cargo na área de segurança pública, por meio de uma abordagem multimétodo. Foi realizado um grupo focal para análise do cargo, que deu origem a um instrumento profissiográfico. Este instrumento foi aplicado na população do cargo e os dados foram analisados nas dimensões de importância, frequência e dificuldade. Aliado aos dados coletados na população foi criado um corpus textual dos dados do instrumento para análise no software Iramuteq. Além disso, foram realizadas duas entrevistas com superiores hierárquicos ao cargo, para identificação das expectativas quanto ao perfil traçado. Assim, foram comparadas as análises advindas da aplicação do instrumento, as classes identificadas pela análise textual e àquelas obtidas nas entrevistas realizadas. Esta técnica se mostrou interessante na discussão quanto ao perfil real levantado na profissiografia, em contrapartida ao perfil ideal esperado pelas instituições e gestores. Contribuiu, ainda, para o aprimoramento da metodologia até então utilizada no Brasil, com um olhar multimétodo que nos possibilite ampliar a análise de variáveis de contexto, comumente desmerecidas em estudos desta natureza.

Resumo Apresentador 3

BARREIRAS LEGAIS E JURISPRUDENCIAIS APLICADAS NO CONTEXTO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM CONCURSOS PÚBLICOS NO BRASIL Andersson Pereira dos Santos (Polícia Federal) Resumo: Entre os anos de 1970 e 1990 os testes psicológicos foram pouco utilizados no Brasil, não tendo sido feitas muitas pesquisas científicas sobre o tema ou atualizações das suas normas, o que refletiu na qualidade e preparo dos profissionais e docentes da área de avaliação psicológica. A aplicação da avaliação psicológica sem o cuidado adequado gerou inúmeros processos judiciais contra resultados de testes psicológicos em processos seletivos, o que acarretou, por um longo período, na sua rejeição, tanto pela sociedade, como na prática profissional, uma vez que não se atingiam as expectativas e não oferecia a necessária confiabilidade. Desde 1990, a área da avaliação psicológica se desenvolveu bastante no país, por meio da organização de eventos, criação de revistas especializadas, ampliação de cursos de pós-graduação stricto sensu e linhas de pesquisa dedicados ao tema, tendo como marco histórico a instituição do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI), pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 2001. No entanto, mesmo com o ressurgimento da avaliação psicológica no contexto brasileiro, os processos seletivos para ingresso em cargos públicos têm enfrentado barreiras decorrentes do período em que houve o abandono dos testes psicológicos. A jurisprudência das cortes superiores foi influenciada pela desconfiança a respeito da validade da avaliação psicológica, consolidando-se no sentido de limitar qualquer indicio que possa caracterizar subjetividade do avaliador e a legislação específica sobre o tema, o Decreto n° 6.944/2009, foi editada com base nas decisões judiciais. O presente trabalho tem por objetivo descrever as barreiras legais e jurisprudenciais aplicadas à avaliação psicológica em concurso público e as suas consequências. Para a realização do estudo, foram analisadas as decisões emitidas pelas cortes superiores e a legislação nacional, tendo sido constatado o veto à aplicação de determinadas técnicas na avaliação psicológica empregada nos processos seletivos das organizações públicas brasileiras.

Resumo Apresentador 4

ANÁLISE DA PRÁTICA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA BOMBEIROS CIVIS EM PROCESSOS SELETIVOS PÚBLICOS Carlos Manoel Lopes Rodrigues (Universidade de Brasília e Universidade Católica de Brasília) Integrante do campo da segurança privada, a profissão de bombeiro civil, também denominada brigadista, regulamentada pela Lei 11.901/2009, congrega profissionais que realizam atividades de combate à incêndios, resgates e salvamentos, normalmente em regime de CLT. Pelas atividades e regime de trabalho, estes profissionais inserem-se dentro do escopo da Norma Regulamentadora 33: segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados; e da Norma Regulamentadora 35: trabalho em altura. Ambas definem a obrigatoriedade de profissionais por elas regidos, passem por avaliações psicossociais para o exercício profissional. Ao mesmo tempo, a NBR 14023 indica a necessidade de manutenção de um estado psicológico adequado para o exercício deste tipo de atividades. Neste contexto, esta apresentação busca discutir a prática da avaliação psicossocial para bombeiros civis a partir de um levantamento realizado em seleções públicas realizadas nos últimos 10 anos. Foram analisadas a obrigatoriedade de avaliação psicológica, os parâmetros de avaliação, e a existência de perfil psicológico para o cargo. Foram identificados 19 seleções para prefeituras dos Estados de SP (68%), PR (11%), SC (11%), SE (5%) e AL (5%). A escolaridade exigida é Ensino Médio, mas um edital permitiu ensino fundamental e outro exigiu curso profissionalizante. A avaliação psicológica é exigida em 11 editais, com 5 editais apresentando o perfil e requisitos psicológicos, 3 somente os requisitos avaliados, 2 não trazem nenhuma informação e 1 solicitando que os candidatos apresentem laudos particulares. Os requisitos avaliados podem ser agrupados em avaliação de personalidade e fatores disposicionais; avaliação de inteligência e de processos atencionais; e indicadores de psicopatologias. Dois editais trazem o perfil psicológico e o nível em que cada requisito psicológico deve ser expresso pelos candidatos. Os resultados indicam uma falta de consenso na avaliação para estes cargos, sem menção às Normas Regulamentadoras e seguindo parâmetros próximos aos exigidos para Bombeiros Militares.

Palavras-chave:
 avaliação psicológica, concurso público, perfil profissiográfico, perfis criminais, trabalhos em espaços confinados e altura