Mesa-Redonda
718-1 | Avaliação Psicológica de Crianças: Pesquisas e propostas | Autores: | LEILA1
1 IPUSP - Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 2 UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, 3 UFF - Universidade Federal Fluminense |
Resumo: Resumo Geral da Mesa
Leila S. C Tardivo, Helena R Rosa, Antonio Augusto Pinto Junior Hilda Avoglia , Universidade de São Paulo, Universidade Federal Fluminense, Universidade Metodista
de São Paulo. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE CRIANÇAS: PROPOSTAS E PESQUISAS. Essa mesa é dedicada à apresentação de trabalhos que enfocam a avaliação psicológica de crianças, e sua relevância atual. São discutidos trabalhos que se inserem na prática do Psicodiagnóstico como tarefa do psicólogo que visa encontrar um sentido para o conjunto das informações disponíveis, ou seja visando compreensão da personalidade como um todo. A mesa assim se compõe por quatro trabalhos: dois deles enfocando a técnica gráfica do teste do Desenho da Casa-Árvore-Pessoa (HTP) em pesquisas mais amplas. O primeiro enfoca o emprego do HTP em crianças vítimas de violencia, entre 6 e 10 anos de idade.. Foi realizado um estudo de validação que objetivou evidenciar a possibilidade de expressão de crianças que sofreram a violencia doméstica nessa técnica gráfica. O segundo trabalho se refere ao estudo, por meio do HTP, características emocionais de 30 crianças, meninos e meninas, entre 9 e 11 anos com sérias dificuldades de aprendizagem em escola pública de São Paulo. Em ambos os estudos os dados evidenciaram a sensibilidade da técnica. Em seguida se inclui uma pesquisa de validação de uma escala (EECAVD) que visa estudar o impacto da violencia intra familiar testemunhada por crianças e que traz consequências à saúde mental. É descrito o processo de tradução e validação da Escala, se conclui que é um instrumento útil para ser empregado no contexto brasileiro. Finalmente se insere um trabalho baseado em estudo de caso, que teve como objetivo analisar os elementos simbólicos dos contos de fadas presentes na narrativa de uma criança em situação de acolhimento. Os trabalhos mostram a importância de estudos que enfocam a avaliação psicológica de crianças.
Resumo Apresentador 1
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E EXPRESSÃO NO TESTE DO DESENHO DA CASA ARVORE PESSOA (HTP). Antonio Augusto Pinto Junior (Universidade Federal Fluminense) ; Leila S.C Tardivo (Universidade de São Paulo);
A violência doméstica contra crianças é considerada sério problema de saúde pública, pelas consequências que acarreta às vitimas. Cabe ao psicólogo o trabalho de realizar a avaliação psicológica de crianças e adolescentes que vivem essa situação, e se destacam as técnicas projetivas gráficas, que favorecem a comunicação e a expressão de conteúdos, fantasias e angústias latentes . O presente trabalho visa apresentar dados de validação no emprego do HTP (Teste do Desenho da Casa Árvore Pessoa) , em crianças vítimas de violência doméstica, e se objetiva-se a possibilidade de expressão de crianças que vivenciam essa experiência, no teste. Participaram 50 crianças entre 6 e 10 anos de idade vitimas de violência doméstica comprovada (atendidas por instituições), e 50 de mesma idade e sexo sobre as quais não há suspeita de viverem essa situação. Foi realizada uma análise do material coletado, classificados os aspectos gerais, formais e de conteúdo de cada desenho, e realizados estudos estatísticos testando as diferenças encontradas. As características mais frequentes do grupo de crianças de violência doméstica foram: localização na parte superior direita, traçado grosso, traçado apagado,transparência, desenhos não de acordo com a idade, desproporção. Nos desenhos da casa: transparência, desenhos pequenos, ausência de janelas; nos desenhos da árvore: copa grande e tronco destacado; na figura humana: cabeça deteriorada, incompleta, figuras palitos. Foi possível discriminar os dois grupos de crianças na pesquisa, evidenciando dados de validade concorrente, por grupos contrastantes. E se confirma que o HTP colabora no conhecimento na expressão de vivências emocionais de crianças que sofreram violência doméstica, com comprometimentos no desenvolvimento e no enfrentamento da realidade
Resumo Apresentador 2
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: ASPECTOS EMOCIONAIS NO TESTE DO DESENHO DA CASA-ÁRVORE-PESSOA .Helena Rinaldi Rosa; Leila S C Tardivo (Universidade de São Paulo). Crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem não acompanham o que se espera na escola, o que requer estudo e atenção. As relações entre traços de personalidade e baixo desempenho acadêmico têm demonstrado que este tem sido associado a variáveis como níveis de ansiedade, exposição a situações de vulnerabilidade variadas e problemas orgânicos ou neurológicos. Este trabalho teve o objetivo de estudar, por meio do teste HTP, características emocionais de 30 crianças,entre 9 e 11 anos de idade, meninos e meninas, com dificuldades de aprendizagem , Foram feitas aplicações individuais do HTP e do R-2. Teste não verbal de inteligência para crianças; foram incluídas somente aquelas que obtiveram no R2 ao menos o resultado médio inferior. Os dados do HTP foram comparados aos de crianças de mesma idade (frequentando a mesma escola) sem problemas de aprendizagem. O HTP foi avaliado segundo categorias formais e de conteúdo. Observaram-se mais sinais de regressão e imaturidade , mais apego ao concreto (pela localização), uso da borda da folha como linha de base (mais figuras humanas soltas na folha); maior quantidade de desenhos incompletos. Também se evidenciam sinais de transparência, entre as crianças entre com dificuldades de aprendizagem . Assim se confirmam dados de outros estudos da literatura, em especial com Figuras Humanas. E se conclui pela utilidade do HTP nesse estudo e a presença de fatores emocionais relacionados às dificuldades de aprendizagem. Tais dificuldades requerem um trabalho conjunto para o efetivo enfrentamento desse problema que tanto sofrimento traz às crianças e implica as instituições, como a escola, e a sociedade.
Resumo Apresentador 3
ESCALA DE EXPOSIÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: VALIDAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO. Antonio Augusto Pinto Junior (Universidade Federal Fluminense); Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo (Universidade de São Paulo). A violência intrafamiliar de pais contra seus filhos pode se manifestar de forma direta, por meio da violência física, psicológica, sexual ou negligência, ou de maneira indireta, pela violência conjugal testemunhada pelos filhos. Essa última modalidade, pouco estudada, principalmente no Brasil, é responsável por inúmeros agravos à saúde mental de crianças e adolescentes. Considerando a inexistência de instrumentos que avaliam o impacto dessa experiência na subjetividade das vítimas, o objetivo do presente estudo foi buscar evidências de validade de conteúdo, de critério e de construto da Children’s Exposure to Domestic Violence Scale (CEDVS), destinada a crianças e adolescentes, que mapeia um continuum de experiências de exposição à violência e a necessidade correspondente de intervenções práticas. Para a validação de conteúdo foram realizadas: tradução, retrotradução, equivalência semântica, análise do instrumento por profissionais da área e avaliação por amostra da população alvo. Já para a validade de critério e de construto, o instrumento foi aplicado a 454 crianças e adolescentes, do estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, de ambos os sexos, na faixa etária de 10 a 16 anos, divididos em dois grupos (vítimas de violência doméstica e sem suspeitas de vitimização). Para a análise dos resultados as médias dos grupos foram comparadas através do teste U de Mann-Whitney, do Teste t-Student, da correlação de Pearson (r) e alfa de Cronbach. Os resultados apontam para a viabilidade da utilização do instrumento no contexto brasileiro e boa adequação aos três critérios de validade. No entanto, são necessários novos estudos para aumento do número de participantes, e aplicação do instrumento com outras amostras representativas para confirmação das estruturas estabelecidas nesta investigação e para a realização de análises mais complexas.
Resumo Apresentador 4
A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE UMA CRIANÇA ACOLHIDA: UM ESTUDO DE CASO. Hilda Rosa Capelão Avoglia (Universidade Metodsita de São Paulo). Os contos de fada se constituem em uma forma de elaboração de conflitos vivenciados na infância. Na perspectiva psicanalítica as histórias infantis se apresentam como recursos simbólicos que influenciam o modo como a criança pensa e experimenta o mundo com o qual convive, sendo que, por essa razão, os contos se constituem em uma fonte para compreensão do universo infantil. O estudo teve como objetivo analisar os elementos simbólicos dos contos de fadas presentes na narrativa de uma criança e articulá-los ao seu processo de desenvolvimento. Trata-se de um estudo de caso de uma menina com 8 anos de idade que se encontrava em situação de acolhimento há 6 meses. Foi utilizado o procedimento do Desenho Estória com Tema. O material gráfico articulado a verbalização foi analisado sob o prisma do simbolismo presente nos contos de fadas. Os resultados demonstraram que a criança recorre a representação da princesa como personagem alvo de sua projeção. Nesse sentido, pode-se considerar que a criança em questão demonstra vivenciar sentimentos de abandono e menos valia, denotando dificuldades em representar a si mesma na qualidade de acolhidas e demonstra a negação e oposição como forma de defesa para afastar-se deste meio. É possível perceber ainda que a criança esteja passando por uma situação marcante no percurso de seu desenvolvimento que agrava ainda mais a falta de confiança em si e nos outros, ou seja, repercute na qualidade do estabelecimento de vínculos, potencialmente buscando fuga na fantasia como subsidio psíquico para lidar com sua dolorosa condição. Tomar o lugar da princesa parece garantir-lhe uma forma de se defender do sofrimento ainda que pelo uso da fantasia. A princesa se constitui em uma figura de identificação, aciona sua estrutura defensiva aliviando a angústia e o sofrimento psíquico que experimenta
Palavras-chave: crianças, avaliação psicológica, HTP, FAPESP, FAPERJ |