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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 725-1

Mesa-Redonda


725-1

Instrumentos brasileiros para avaliação da inteligência emocional

Autores:
HAAS, J.M.1, Thiago Paim1, Manuela Ramos Caldas Lins 2, Luiz Pasquali 3, Bartholomeu Tôrres Tróccoli 3, Mirela Dantas Ricarte1, Fabiano Koich Miguel4
1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2 IESB - Instituto de Educação Superior de Brasília, 3 UNB - Universidade de Brasília, 4 UEL - Universidade Estadual de Londrina

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

Instrumentos brasileiros para avaliação da inteligência emocional José Maurício Haas Bueno Universidade Federal de Pernambuco A inteligência emocional reúne um conjunto de quatro habilidades relacionadas ao processamento de informações emocionais: a percepção de emoções, a utilização da emoção para facilitação do pensamento, a compreensão de emoções e a regulação de emoções. O principal instrumento que tem sido utilizado em pesquisas para avaliação da inteligência emocional como habilidade é o Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT). Esse instrumento foi concebido originalmente para o contexto cultural americano e já foi traduzido para diversas outras línguas, incluindo o português, embora nunca tenha sido adaptado à cultura brasileira e sua comercialização, a preços elevados para o s padrões brasileiros, seja realizada por uma editora americana, ainda sem representantes no Brasil. Essa situação justifica o investimento no desenvolvimento de testes para avaliação da inteligência emocional ou de alguma de suas habilidades, assim como a busca de evidências de validade desses novos instrumentos no contexto cultural brasileiro. Esta mesa se propõe a apresentar estudos que envolvem quatro instrumentos desenvolvidos no Brasil para avaliação da inteligência emocional ou de alguma das habilidades a ela relacionadas, como o Teste Computadorizado de Percepção de Emoções Primárias (PEP), o Teste de Inteligência Emocional para Crianças, o Inventário de Regulação de Emoções para Aprendizagem (IREmos Aprender) e a Bateria de Testes de Inteligência Emocional. Esses estudos mostram que há instrumentos em português brasileiro, com boas propriedades psicométricas, para avaliação da inteligência emocional em diversos contextos.

Resumo Apresentador 1

Propriedades psicométricas da Bateria de Testes de Inteligência Emocional Maurício Bueno Universidade Federal de Pernambuco Thiago Paim Universidade Federal de Pernambuco A inteligência emocional (IE) foi apresentada como um novo tipo de inteligência relacionada ao processamento de informações emocionais relacionadas à percepção de emoções, utilização da emoção para facilitar o pensamento, compreensão de emoções e regulação de emoções. O principal instrumento para avalia-la como habilidade tem sido o Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test (MSCEIT), que além de não ter sido adaptado para a cultura brasileira, apresenta custo elevado e não foi submetido ao Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) para ser usado profissionalmente. Assim, considerando a inexistência de uma bateria de testes em português brasileiro, com boas propriedades psicométricas, para avaliação do conjunto de habilidades que compõem a IE em adultos, o objetivo deste estudo foi investigar as propriedades psicométricas (precisão e validade fatorial) da Bateria de Testes de Inteligência Emocional, inteiramente concebida em português e para o contexto cultural brasileiro. Essa bateria foi concebida para avaliar as quatro habilidades relacionadas à IE: percepção de emoções (em si mesmo e em outras pessoas), utilização da emoção para facilitar o pensamento, compreensão emocional e regulação emocional. Os testes foram aplicados pela internet em 96 participantes (amostra não-probabilística), com média de 26 anos, predominantemente do sexo feminino (58,3%), cujas respostas foram pontuadas pelo critério da concordância com o consenso, em que cada participante recebe pontuação proporcional ao número de participantes que escolheu a mesma resposta que ele. Os coeficientes alfa de Cronbach foram todos acima de 0,7, com exceção do Teste de Raciocínio Emocional que ficou com 0,486 e foi eliminado da bateria. Os demais testes formaram uma estrutura unifatorial numa análise fatorial de segunda ordem, supostamente relacionado à inteligência emocional. Conclui-se que a Bateria de Inteligência Emocional apresenta propriedades psicométricas adequadas para uso em pesquisas.

Resumo Apresentador 2

Inteligência e Inteligência Emocional: uma relação possível? Manuela Ramos Caldas Lins Instituto de Educação Superior de Brasília Luiz Pasquali Universidade de Brasília Bartholomeu Tôrres Tróccoli Universidade de Brasília O presente trabalho teve por objetivo analisar a relação entre a inteligência e a inteligência emocional em escolares do Distrito Federal. Participaram 100 estudantes, 57% do sexo feminino, com idades entre 7 e 13 anos de idades (9,8±1,07), matriculados do 2º ao 5º ano de uma escola pública. Os instrumentos utilizados foram o Teste Tátil de Inteligência Infantil e o Teste de Inteligência Emocional para Crianças. Os resultados apontaram índices de acerto no teste de inteligência altos indicando que o instrumento se mostra fácil para esse grupo de participantes. Não se identificou diferença quando considerados o sexo e a idade dos sujeitos. No que se refere a inteligência emocional verificou-se índices acima da média nas quatro facetas revelando que os participantes conseguem perceber acuradamente as emoções em si e nos outros, possuem uma adequada percepção das emoções, conseguem rotular corretamente as emoções e apresentam boa capacidade de tolerar as reações emocionais, compreendê-las e descarregá-las de forma adequada. Não se identificou diferença estatisticamente significativa entre os sexos, mas entre as idades. A inteligência e a inteligência emocional se correlacionaram de forma positiva e significativa, embora moderadamente. Isto significa que valores altos em um construto relacionam-se a valores igualmente altos em outro. A relação entre a inteligência e a inteligência emocional tem uma tendência linear, contrariando a hipótese de uma relação curvilinear. Acredita-se que isso aconteceu por conta da falta de sensibilidade do teste de inteligência utilizado para discriminar os indivíduos de inteligência elevada. Conclui-se que a inteligência emocional constitui um tipo diferenciado de inteligência, mas sugere-se cautela ao analisar os resultados aqui apresentados, pois os instrumentos ainda se apresentam falhos e a amostra foi reduzida.

Resumo Apresentador 3

Evidências de validade baseadas na estrutura interna do Inventário de Regulação de Emoções para Situações de Aprendizagem (IREmos Aprender) Mirela Dantas Ricarte Universidade Federal de Pernambuco José Maurício Haas Bueno Universidade Federal de Pernambuco O presente estudo teve como objetivo desenvolver um instrumento para avaliação das estratégias de regulação emocional na perspectiva teórica do “modelo modal” da emoção de Gross, bem como buscar por evidências de validade com base na estrutura interna dos fatores encontrados. Para tanto, foi desenvolvido e aplicado um instrumento de autorrelato composto por 34 itens, o Inventário de Regulação de Emoções para Situações de Aprendizagem (IREmos Aprender), em 365 estudantes do ensino fundamental, com média de idade 11,9 anos (DP=1,72), sendo 57,5 % do sexo feminino e 42,5% do sexo masculino. Uma análise fatorial exploratória (AFE) revelou uma estrutura com cinco fatores: modificação da situação, mudança cognitiva, regulação de emoção negativa, seleção da situação e modulação da resposta. Com base nos resultados obtidos na AFE, foram calculadas as pontuações nos cinco fatores obtidos, pela média dos valores atribuídos aos itens pelos participantes. Nota-se que houve uma boa amplitude e uma boa variabilidade em todos os fatores. Considerando que os fatores obtidos se referem a diferentes estratégias de regulação de emoções, precedeu-se uma análise fatorial de segunda ordem, esperando-se a obtenção de uma solução unifatorial. Os fatores foram extraídos por análise de componentes principais e rotação oblíqua. Os fatores primários se concentraram no primeiro fator de segunda ordem (FSO1), com exceção de modulação da resposta, que ficou sozinho no segundo fator de segunda ordem (FSO2). Somente o FSO1 apresentou índice de consistência interna aceitável e compatível com as exigências do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (acima de 0,6). Concluiu-se que o instrumento apresenta condições psicométricas favoráveis para a recomendação de seu uso em pesquisas, no entanto, os seus resultados apontam para a necessidade de continuidade do desenvolvimento do instrumento.

Resumo Apresentador 4

Relação entre distorções na percepção emocional e personalidade Fabiano Koich Miguel Universidade Estadual de Londrina Na literatura de inteligência emocional, é comum a consideração de que este construto se diferencia de personalidade ao ser avaliado por desempenho, mas se aproxima de personalidade ao ser avaliado por autorrelato. Enquanto as pesquisas tendem a focar nas respostas corretas ou adequadas aos testes de inteligência emocional, o presente estudo teve como objetivo analisar as respostas inesperadas a um teste. Foram utilizados os resultados do Teste Computadorizado de Percepção de Emoções Primárias (PEP), que avalia a capacidade de perceber emoções por meio de vídeos de pessoas. Para esta pesquisa, foi desenvolvido um escore de distorção que se refere à atribuição de emoções que não estavam presentes (por exemplo, em um vídeo com expressão de alegria, responder que a emoção é tristeza). Participaram 250 pessoas, das quais 20 estavam em tratamento psiquiátrico com diagnóstico de algum transtorno de personalidade. Comparado com o grupo sem transtornos diagnosticados, o grupo com transtornos apresentou menores escores de percepção emocional e maiores escores de distorção emocional, em níveis estatisticamente significativos. Distorções de emoções foram comparadas com outros testes psicológicos, e os resultados indicaram que eles estão relacionados a traços de personalidade, mas não a capacidade intelectual. Assim, perceber emoções que não estão presentes está associado a maior experiência de agressão, sentimentos de solidão, necessidade de atenção, entre outros.

Palavras-chave:
 Inteligência, Inteligência Emocional, Compreensão de Emoções, Percepção de Emoções, Regulação de Emoções