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8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 772-1

Mesa-Redonda


772-1

Análises Multidimensionais como estratégia de avaliação de instrumentos psicométricos: Abordagem das Facetas e Avaliação Psicológica

Autores:
DO, A.M.1, Roazzi, A.1, Fernandes, S. A. F.2, Gusmão, E. E. S.3
1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2 FIR - Faculdade Estácio do Recife , 3 UFC - Universidade Federal do Ceará

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

A subárea disciplinar da Avaliação Psicológica, e seu braço metodológico da avaliação de instrumentos psicométricos, tem sido o locus por excelência da psicometria amparada pelas clássicas análises fatoriais, e mais recentemente por modelos como Rasch, no intuito de aprimoramento continuado de seu arsenal teórico-metodológico, visando melhor servir à sociedade, disponibilizando instrumentos psicológicos mais confiáveis, com atendimento dos ditames técnicos da área, como das injunções políticas e normativas do Conselho Federal de Psicologia (CFP), e seu sistema de avaliação de testes psicológicos – o SATEPSI. Todavia, dificuldades oriundas da ontologia complexa dos fenômenos psicológicos, sobretudo àqueles de caráter mais privado e cognitivo, são um desafio frequente a construção de instrumentos que obedeçam aos ditames psicométricos, e se insurgem com frequência ao uso não crítico dos tradicionais modelos em psicometria para construção e validação de instrumentos, com seus pressupostos como o de linearidade. Avanços oriundos da Teoria das Facetas, tanto de natureza epistemológica quanto metodológica, no que concerne ao uso programado e sistemático de análises multidimensionais (MDS) neste horizonte metateórico, colocam-se como uma alternativa viável e heurística à construção de testes psicológicos e provas cognitivas que mensurem com confiabilidade tais fenômenos, sendo no entanto, ainda muito pouco conhecidas e utilizadas em nosso meio. O objetivo desta mesa redonda é explorar o uso de análises MDS na Abordagem das Facetas no processo de avaliação de instrumentos cognitivos. O trabalho de Nascimento explora a validação de Escala de Elementos da Experiência Interna durante Criação Artística. Roazzi expõe a teoria das facetas exemplificando com o exame do Questionário de Ruminação-Reflexão. Rocha investiga a dimensionalidade da Escala de Autoconsciência Situacional. Por fim, Gusmão discute o uso de análises MDS na avaliação de instrumento de bullying escolar. O conjunto dos trabalhos notifica uma metodologia inovadora para criação e validação de instrumentos psicológicos usando-se análises MDS como estratégia-guia.

Resumo Apresentador 1

Escala de Elementos da Experiência Interna durante Criação Artística – EICA: Validação via Abordagem das Facetas. A Criatividade e suas habilidades cognitivas mediadoras tem sido extensivamente investigadas no âmbito da dimensão psicológica da mente humana, todavia, ainda são escassos estudos que envolvem os elementos cognitivos de natureza fenomenal relacionados à Experiência Interna e que acompanham o processo criador relacionados ao sentir, como a consciência sensória, imagem mental, fala interna, sentimentos, pensamento não simbolizado e autoconsciência. O estudo investigou via abordagem das facetas a dimensionalidade da Escala de Elementos da Experiência Interna durante Criação Artística (EICA) criada por Nascimento (2015), levantando-se evidências de validade e aspectos de sua sociodemografia. Utilizando-se a Escala dos Processos Cognitivos Associados com Criatividade (PCAC) para evidências de validade convergente, o protocolo de pesquisa contendo as escalas EICA e PCAC, e Questionário sociodemográfico, foi aplicado em amostra de 271 participantes (47 Artistas Plásticos; 72 Estudantes de Arte; e, 152 Leigos não artistas), de ambos os sexos, da Região Metropolitana de Recife. Especificamente no que tange à aplicação da escala EICA, a mesma consistiu de tarefa artística fenomenal com o tema “PAZ”, seguido de resposta aos itens propriamente em escala Likert de 07 pontos. Análises triangularam procedimentos da Psicometria e Análise Fatorial com análises multidimensionais (MDS) oriundas da teoria das facetas. Análise de Estrutura de Similaridade evidenciou a existência de 05 dimensões fundamentais subjacentes aos itens que saturaram adequadamente, a saber: Fala Interna; Autoconsciência Fenomenal; Consciência Sensória; Sentimento; e, Visualização Interna, encontrando-se excelente consistência interna mensurada pelo Alfa de Cronbach ( ∝= .907) para a escala total. EICA também esteve sistematicamente correlacionada com habilidades cognitivas, sendo Sentimentos o elemento mais associado aos artistas. O estudo evidenciou o uso heurístico da metateoria das facetas e seu braço metodológico pautado em análises MDS na Avaliação Psicológica e construção de instrumentos psicométricos de corte fenomenal para investigação da experiência interna durante ato criador.

Resumo Apresentador 2

Teoria das Facetas na Avaliação Psicológica: O caso do Questionário de Ruminação-Reflexão (QRR) Estudos antigos e recentes (Rabenu, Elizur & Yaniv, 2015) tem pontuado a inferioridade das clássicas análises fatoriais no tratamento de dados oriundos das ciências humanas, dado seu aspecto mais subjetivo, qualitativo, ou dificuldade de acesso aos fenômenos e grupos investigados, com consequente construção de amostras mais reduzidas, e que não atendem aos pressupostos de linearidade da psicometria tradicional. Neste sentido, a teoria das facetas constituem um avanço significativo para o incremento do rigor das pesquisas no campo e na construção de instrumentos mais adequados e fidedignos, no que elas se apoiam em técnicas multidimensionais (MDS) como SSA, POSAC e MSA, entre outras, as quais permitem que se preserve a ontologia qualitativa dos dados gerados, e o teste de hipóteses consoante a pressupostos de regiões de contiguidade no espaço dimensional euclidiano. O presente trabalho visa apresentar os fundamentos da teoria das facetas no exame de avaliação de instrumentos psicométricos, exemplificando com uma pesquisa do LACCOS/UFPE sobre as relações entre autoconsciência disposicional e religiosidade. Nascimento (2008) tem exercido protagonismo na elucidação do impacto da religiosidade sobre os níveis de autofoco tanto disposicional, quanto situacional. Na esteira deste autor, a pesquisa visou elucidar as relações entre ruminação e reflexão, em amostra de universitários, e sobre o papel de variáveis específicas da religiosidade neste enlace. Utilizou-se o Questionário de Ruminação-Reflexão de Trapnell e Campbell (1999), em versão em língua portuguesa. A amostra do estudo foi composta da participação voluntária de 366 universitários da cidade de Recife, abrangendo todas as principais áreas do ensino universitário, e das mais variadas orientações religiosas, os quais responderam ao protocolo contendo o QRR e variáveis sociodemográficas. Análise de Estrutura de Similaridade foi efetuada com a escala, a qual teve sua estrutura fatorial replicada ao original, contudo, com exclusão de itens.

Resumo Apresentador 3

Escala de Autoconsciência Situacional de Nascimento (2008): Estudo de sua dimensionalidade e evidências de validade. Um grande avanço nos estudos do autofoco foi dado com a criação da Self-Consciousness Scale - SCS, a qual mensura o autofoco enquanto uma tendência estável em focalizar a atenção sobre si mesmo, um traço da personalidade imune à manipulação experimental. Todavia, ao contrário da Autoconsciência Disposicional, largamente estudada em âmbito psicométrico, a Autoconsciência Situacional, que é um estado transitório, volátil de atenção direcionada ao self, dependente de estímulos ambientais, carece de maiores estudos psicométricos, sendo avaliada através das únicas escalas psicométricas disponíveis para medida desse sistema em âmbito mundial - “Situational Self-Awareness Scale” e “Escala de Autoconsciência Situacional – EAS”, validada no Brasil por Nascimento (2008). Dado que estudos tem notificado ambivalência quanto aos correlatos de autoconsciência privada e sua interrelação tanto com aspectos adaptativos (clareza da experiência interna; conscienciosidade) quanto com aspectos desadaptativos do self e personalidade (depressão; neuroticismo), há uma premência de se alargar o escopo empírico quanto as escalas de autofoco com base na dicotomia ruminação-reflexão. O objetivo do trabalho foi o de documentar a dimensionalidade e evidências de validade da EAS, cotejando com o construto personalidade, na ótica dos cinco fatores, o qual tem sido utilizado para evidências de validade, desde o estudo seminal de Trapnell e Campbell (1999). O protocolo com as escalas foi respondido por uma amostra de 98 estudantes de Direito, sendo 51 homens e 47 mulheres, de duas instituições de ensino superior de Recife, as quais atendem populações socioeconomicamente diferentes. Análises de Estrutura de Similaridade no âmbito da teoria das facetas revelaram modificações na dimensionalidade da escala nesta amostra. Também, Estabilidade correlacionou negativamente com Ruminação, e encontrou-se diferenças em autofoco consoante a classe social. Estudos necessitam ser encaminhados para elucidar a dimensionalidade desta escala para aprofundamento da compreensão sobre as relações entre autoconsciência, personalidade e variáveis sociodemográficas em contexto brasileiro.

Resumo Apresentador 4

Escala de Disposição ao Bullying Escolar (EDB): Dimensionalidade e enlace à religiosidade por análises multidimensionais O bullying tem se tornado objeto de vigorosa produção acadêmica desde os trabalhos seminais de Dan Olweus nos anos 70 do século passado com amostras de escolares da Noruega. Desde então, tem-se mapeado extensivamente os perfis comportamentais e consequências cognitivas e na saúde física e mental, e ajustamento social e escolar, de bullies (praticantes) e suas vítimas. Conforme indicações do próprio autor (Solberg & Olweus, 2003), instrumentos psicométricos válidos e fidedignos fazem-se necessários, em especial, em contexto brasileiro marcado ainda por escassez de instrumentos que mensurem este construto. Tem-se mapeado, por outro lado, o importante papel protetivo da religiosidade à saúde física e mental e ao desenvolvimento de formas de comportamento disfuncionais e marcadas por agressão em adolescentes. O objetivo do trabalho foi o de investigar a dimensionalidade e características psicométricas da Escala de Disposição ao Bullying Escolar - EDB realizar o teste empírico da hipótese da religiosidade estar relacionada ao não envolvimento com bullying em adolescentes. O protocolo de pesquisa contendo a escala EDB e a Escala de Religiosidade Global - ERG (Nascimento, 2008) foi respondido por uma amostra de 167 estudantes de escolas públicas da Região Metropolitana de Recife oriundos das séries 6ª a 9ª (51,49%, feminino; 48,51%, masculino). Análise de Estrutura de Similaridade trouxe evidência de existência das duas dimensões esperadas para a EDB e adequada fidedignidade para uso em pesquisa segundo o Alfa de Cronbach para seus fatores: Disposição à Vitimização (∝=.69), e Disposição à Prática (∝=.66); Alta religiosidade esteve associada à faceta Vitimização, enquanto Baixa religiosidade esteve associada a faceta Prática, no espaço dimensional euclidiano. O estudo trouxe elementos confirmatórios para uso heurístico de estratégias pautadas em análises MDS na construção e avaliação de instrumentos para mensuração ao bullying escolar.

Palavras-chave:
 experiência interna, autoconsciência, análises multidimensionais, teoria das facetas, Avaliação Psicológica


Agência de fomento:
CAPES/CNPQ