Imprimir Resumo


8º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica
Resumo: 772-2

Mesa-Redonda


772-2

Self, Autoconsciência e Cognição - Interfaces no horizonte da Avaliação Psicológica

Autores:
DO, A.M.1, Viana, N. J. Q.3, Silva Junior, R. M.1, Taissun, A. S.2
1 UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2 UNEB - Universidade do Estado da Bahia , 3 FASETE - Faculdade Sete de Setembro

Resumo:
Resumo Geral da Mesa

As relações entre Self, Autoconsciência e Cognição são um tópico ressurgente com máximo interesse no início deste milênio, em especial, como fruto da configuração do campo de estudos científicos da autoconsciência humana promovido pela aparição no cenário da psicologia acadêmica da Teoria da Autoconsciência Objetiva de Duval e Wicklund nos anos 70 do século passado. A definição rigorosa deste construto e de toda uma rede de construtos auxiliares componentes da estrutura organizacional do Self, como o delineamento de teoria rigorosa com hipóteses testáveis, tem promovido significativos avanços no conhecimento do self e seus processos associados, como os relacionados ao autofoco, e à rede cognitiva de processos que os instanciam. A presente proposta de Mesa Redonda quer tematizar tais enlaces entre estes construtos no âmbito de processos de validação de instrumentos psicológicos para mensuração destes construtos em língua portuguesa do Brasil. O primeiro trabalho, de Nascimento, tematiza o processo dialético de exploração das propriedades psicométricas e dimensionalidade das escalas de Clareza do Autoconceito (ECA) e Religiosidade Global (ERG), tendo em vista uma estratégia de triangulação de metodologias relacionadas à psicometria e teoria das facetas. O segundo trabalho, de Viana, investiga a dimensionalidade de escala construída para mensurar importante dimensão do self e do autoconceito, a saber, a autoatratividade, de base física e não física. O terceiro trabalho, de Silva Junior, detalha o processo de validação de escala de autoconsciência para uso em adolescentes, levantando indícios de sua validade para esta população. Por fim, Taissun apresenta o processo de validação da Escala de Processos Cognitivos Associados à Criatividade na relação com personalidade criativa. O conjunto dos trabalhos contribui com a sistematização de importantes interrelações entre self, autoconsciência e cognição, abrindo perspectivas novas para agenda futura de investigação destes construtos em contexto local.

Resumo Apresentador 1

Self, Clareza do Autoconceito e Religiosidade: Investigação na interface da Abordagem das Facetas. O estudo reflete uma busca de aprofundamento das relações entre self, religiosidade e clareza do autoconceito em universitários de Recife – PE. Visa também documentar o processo de avaliação psicométrica de duas escalas que mensuram os construtos em tela, averiguando suas características psicométricas com base em procedimentos da psicometria e da teoria das facetas, a fins de verificação com mais acuidade de suas interrelações na amostra investigada. Investigações têm destacado a importância da estrutura do autoconceito e suas implicações psicológicas, propondo medidas da clareza do autoconceito, esta entendida como o grau de clareza, confiança, consistência interna e estabilidade dos autoesquemas. Também o importante papel desempenhado pela religiosidade no incremento da clareza do autoconceito. Todavia, não há escalas validadas ao presente para este construto, nem seu cotejo com dimensões mais incomuns da religiosidade como a experiência mística e a vinculação epistêmica. A presente pesquisa objetivou investigar as características psicométricas da versão em língua portuguesa do Brasil da Escala de Clareza do Autoconceito obtendo evidências de validade fatorial e convergente, e a partir disto descrever as relações entre este construto e a estrutura da religiosidade em estudantes universitários. A versão em língua portuguesa da escala ECA foi aplicada a 1200 universitários, juntamente com a escala ERG. A análise de componentes principais indicou a presença de um fator para a ECA, com adequada consistência interna. Análise de Estrutura de Similaridade revelou duas dimensões subjacentes a religiosidade: Objetiva-Reflexiva e a Subjetiva-Experiencial. Clareza do autoconceito correlacionou-se positivamente com religiosidade global, e espiritualistas sem religião e agnósticos apresentaram correlações negativas com a clareza do autoconceito. A filiação à religião demonstrou-se preditora da clareza do autoconceito. Conclui-se que a religiosidade tem impactos sobre os processos de desenvolvimento do self.

Resumo Apresentador 2

Escala de Autoatratividade (EAA): Reflexão sobre seu processo de validação. A atratividade é um construto que tem sido tematizado por diversos campos de produção do conhecimento científico, contudo, na seara da psicologia, pouco se tem avançado na compreensão de tal construto para além dos caracteres físicos da atratividade, e não se tem levado em conta, a presença de elementos oriundos de uma plataforma não física, de caráter societal e relacional relacionada a esta importante dimensão do self humano. O presente trabalho, de natureza nomotética e ex-post-facto, intenciona apresentar o estudo de avaliação psicométrica da Escala de Autoatratividade (EAA), elaborada e validada por Viana e Nascimento (2016). A referida escala objetiva aferir as dimensões em que as pessoas se consideram, ou não, atraentes, ou seja, seus níveis de atratividade pessoal e autoreferida. Análise de Estrutura de Similaridade coadjuvada com procedimentos da psicometria, revelaram a existência de sete dimensões ou fatores: Sensualidade (Alfa de Cronbach =.931), Inteligência (Alfa de Cronbach =.901), Bom Humor (Alfa de Cronbach =.894), Afetividade (Alfa de Cronbach =.849), Apresentação Pessoal (Alfa de Cronbach =.892), Moralidade (Alfa de Cronbach =.811) e Asseio (Alfa de Cronbach =.828), organizados em 56 itens, com excelente fidedignidade para a escala como um todo (Alfa de Cronbach =.96). A EAA, para fins de validade convergente, mostrou-se correlacionada sistematicamente com a Escala de Autoconsciência Situacional (EAS) e a Escala de Autoconsciência Disposicional (EAD), ambas elaboradas e validadas por Nascimento (2008). Os resultados apontam que a EAA apresenta adequadas dimensionalidade e características psicométricas, bem como validade ecológica, no que espelha os significados êmicos da atratividade pessoal (dimensionalidade reproduz a organização do campo semântico).

Resumo Apresentador 3

Escala de Autoconsciência Situacional Juvenil: Adaptação e evidências de validade. Autoconsciência é definida como a capacidade de prestar a atenção a si mesmo, ocorre quando nós focalizamos a atenção ao meio cognitivo interno e examinamos nossos pensamentos, sentimentos, comportamentos, etc. Esta possibilita uma série de operações que aperfeiçoam nossas capacidades adaptativas como as operações de automonitoramento, autorregulação e autoconhecimento do self. No entanto, verificamos a escassez de instrumentos para avaliação da autoconsciência em adolescentes. Neste sentido, a presente investigação tem por objetivo a adaptação e validação da Escala de Autoconsciência Situacional para adolescentes, instrumento validado oriIginalmente por Nascimento (2008) com adultos. Participaram do estudo 584 estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, alunos do 7º ano com idades de 12 e 13 anos e do 9º ano com idades de 15 e 16 anos, sendo 53% meninas e 47% meninos de escolas públicas e privadas da cidade do Recife. Os participantes responderam a Escala de Autoconsciência Situacional (EAS-J) e o Teste de Habilidades de Visualização (Nascimento, 2008). A Escala de Autoconsciência Situacional Juvenil obteve boas qualidades psicométricas e Alfa de Cronbach de & #8733;.70, após a análise dos componentes principais apresentou uma solução unidimensional com um único fator nomeado de Autoconsciência Global, contendo 9 itens. Assim, a estrutura tripartite da Escala de Autoconsciência situacional original não foi replicada. A EAS-J também apresentou evidências de validade convergente através das correlações positivas com o Teste de Habilidades de Visualização. Não foram encontradas evidências de desenvolvimento da autoconsciência dos 12 aos 16 anos de idade entre os adolescentes investigados. Os Adolescentes de escola públicas apresentaram níveis mais elevados de autofoco e as meninas apresentaram-se mais autoconscientes. A amostra avaliada não demostrou o domínio pleno da capacidade de manipular formas mais complexas de autoconsciência. Contudo, a EAS-J consiste em uma medida global e compacta da Autoconsciência Situacional com boas qualidades psicométricas para uso psicodiagnóstico e científico.

Resumo Apresentador 4

Escala de Processos Cognitivos Associados à Criatividade (PCAC): Evidências de fidedignidade e validade. A pesquisa de corte cognitivo tem avançado no mapeamento de processos cognitivos que mediam o ato criador, havendo a necessidade de construção e validação de instrumentos psicométricos que mensurem com fidedignidade e validade tal mediação. O estudo trata da adaptação e avaliação psicométrica da única escala a nível mundial validada ao presente para esta interface, a escala Cognitive Processes Associated with Creativity (CPAC) (Miller, 2009), inédita no Brasil. O objetivo do estudo foi o de adaptar e avaliar a dimensionalidade e aspectos psicométricos da CPAC numa versão em língua nacional, evidenciando adequação semântica, fidedignidade e validade fatorial, e investigação da validade convergente através do construto Personalidade Criativa para verificação da direcionalidade causal. A pesquisa, apoiada na psicometria e em procedimentos da teoria das facetas com base em análises multidimensionais (MDS), utilizou as escalas CPAC e Escala de Personalidade Criativa (EPC), e Questionário sociodemográfico, enfeixados num protocolo que foi respondido por 271 participantes maiores de 18 anos (Fem-67,5%; Masc-32,5%), com idade média de 32,3 anos, divididos entre: artistas plásticos, estudantes de arte e leigos. A partir de análises Fatorial e de Estrutura de Similaridade (SSA), a versão em língua portuguesa do instrumento sofreu encurtamento, configurando-se apenas 4 dos 6 fatores da escala original: Incubação/INC, Fluxo/FL, Imagem-Sensório/IS, e Pensamento Metafórico e Analógico/PMA. CPAC alcançou adequado índice de fidedignidade total pelo Alfa de Cronbach ( & #8733;=0,872) equivalente ao da escala original ( & #8733;=0,855); a abordagem das facetas evidenciou as dimensões esperadas relacionando-se tanto entre si quanto com as variáveis externas, e o exame de regressão resultou numa direcionalidade inversa à perspectiva da literatura clássica, evidenciando a cognição em arte como determinante da personalidade criativa. O estudo ofereceu uma contribuição importante para a pesquisa da criatividade ao introduzir nacionalmente uma escala validada e pioneira no campo da psicologia cognitiva, psicometricamente apta a ser usada em pesquisa.

Palavras-chave:
 Clareza do Autoconceito; , autoatratividade, autoconsciência, criatividade, self


Agência de fomento:
CNPQ/CAPES